11 outubro 2006

Sub21 á lá Couceiro

Portugal conseguiu ontem uma reviravolta histórica vencendo sem apelo nem agrado os Russos, por 3-0, resultado mínimo necessário para dar a volta á eliminatória.
No fundo, fez-se justiça pois a selecção das quinas mostrou sempre ter mais qualidade e mais condições para estar presente no Europeu.
Ainda em clima de festa, é tempo de balanço e na minha opinião o balanço é muito pouco positivo.

Os adeptos Portugueses estão habituados nos últimos anos a verem grandes jogadores evoluírem na selecção sub21.
A verdade é que a selecção nacional era apontada como um candidato “crónico” ás vitórias nas competições Internacionais, no entanto com esta selecção não creio que se passe o mesmo.

Á primeira vista a selecção apresenta diversas lacunas e algum défice de qualidade.
Vejamos:

Guarda Redes
Na baliza aparece Paulo Ribeiro como dono da baliza. Paulo Ribeiro tem demonstrado ser um guardião pouco seguro e sobretudo muito intranquilo. Não dá garantias de estabilidade e a “tremideira” poderá vir ao de cima numa competição internacional.
Para o banco, Couceiro chamou Ricardo Baptista, um ilustre desconhecido, pois actua em Inglaterra e os adeptos Portugueses ainda não tiveram a hipótese de o ver em competição.

Laterais
Nas faixas laterais aparece o primeiro grande problema de Portugal.
João Pereira e Filipe Oliveira são as soluções para a lateral direita, deixando bem patente o défice de qualidade que temos. 2 jogadores que sabem subir no terreno mas demasiadamente irregulares no processo defensivo.
Na esquerda a falta de soluções é bem patente. Miguel Veloso, atleta que tem feito uma excelente temporada como trinco no Sporting, e que se foi impondo nas camadas jovens como central, aparece como lateral esquerdo adaptado. Não podemos negar que vai cumprindo, mas a verdade é que parece claramente desaproveitado nesta adaptação e em termos de profundidade ofensiva não consegue fazer a diferença.

Centrais
Manuel da Costa parece ser garantia de qualidade, no entanto, Amoreirinha tem muita coisa a provar e é conhecido por perder a cabeça nas situações de maior tensão. A alternativa a estes 2 elementos chama-se Rolando, mais um central com algum défice de qualidade.

Meio campo
No meio campo aparecem duas grandes figuras. Paulo Machado e sobretudo Moutinho. São dois elementos com muito pulmão, com boa visão de jogo e com qualidade para liderarem o jogo Português. A eles juntam-se Ruben Amorim, “um afilhado” de Couceiro, que tem alguma qualidade mas que dificilmente fará a diferença. Por outro lado, Organista será o garante defensiva da equipa. É um jogador inteligente e com boa capacidade atlética. Não é um grande jogador, mas é um jogador de colectivo. Ainda poderemos integrar neste lote Antunes. Antunes poderá desempenhar as funções de defesa esquerdo e de interior esquerdo, mas será que este atleta continuará a integrar as convocatórias?

Alas
É nas alas que reside a força de Portugal.
Nani, apesar de integrar a selecção principal, poderá ser uma arma a utilizar no Euro Sub21. É um jogador de inegável talento e um desiquilibrador nato. Vieirinha é outro elemento que poderá fazer a diferença, quer pela velocidade quer pela qualidade no drible e no remate. Surgem ainda os nomes de Diogo Valente, esquerdino de grande raça, e Hélder Barbosa, um benjamim que incute uma velocidade e uma capacidade de drible estonteantes. Será que o Hélder irá ser utilizado em competições distintas (sub21 e sub20?)?

Avançados
Na frente, Portugal deixa de contar com um elemento mais estático como o Hugo Almeida, apostando em atletas mais móveis e versáteis, como são os casos de Varela, João Moreira, Djaló e Vaz Té.
Djaló é um jogador de explosão e poderá ser uma peça importante. Varela pela qualidade técnica e pela capacidade atlética é sem dúvida um nome a ter em conta. Vaz Té, precisa ainda de crescer muito como jogador para conseguir uma plena afirmação, contudo é o jogador com maior “killer instinct” com que Portugal conta. Por fim, João Moreira tem desiludido…mas vamos ver.


Conclusão:
Portugal apresenta desiquilibrios e défices de qualidade em diversas posições do terreno. Por outro lado, o modelo de jogo pretendido por Couceiro parece, ainda, pouco interiorizado e o tempo vai-se esgotando.

Em termos de sistema táctico Portugal poderá apresentar-se quer num 4x3x3 quer num 4x4x2, embora as características dos jogadores apontem para um 4x3x3, com 2 alas bem abertos.
Couceiro tentará incutir dinamismo e velocidade no ataque, apostando na fantasia dos alas, e por outro lado procurando retirar de Machado e Moutinho uma natural capacidade de pegar no jogo.
Será ,contudo, necessário rever os processos defensivos, pois Portugal apresenta lacunas várias no sector, e o factor de actuar com alas bastante ofensivas..retirará alguma coesão defensiva ao bloco.

O Europeu está á porta, e a verdade é que Portugal não parece ter a equipa ideal para lutar por um lugar cimeiro.
Couceiro terá que saber gerir muito bem este grupo e terá que retirar da “cartola” estratégias para tapar as lacunas sérias e patentes na equipa Nacional. Mas será Couceiro o treinador ideal para isso??

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