O mercado está louco!
Muito se fala em recessão em termos gerais, e em particular no Futebol.
A loucura dos números envolvidos nas transferências dos craques baixou consideravelmente, os clubes compram menos, e pagam menos.
No entanto, outra página no frenético Mundo das Transferências se abriu: a caça ao jovem!
Muito recentemente o Arsenal não se atemorizou com os valores pedidos pelos “Saints” e pagou cerca de 10 milhões de euros por uma jovem promessa de 16 anos, 10 milhões esses que podem ascender a 20, se este jovem confirmar o futuro brilhante, que lhe é apontado. Chama-se Théo Walcott e leva já 5 golos em 13 jogos, pelo Southampton.
A explosividade e a velocidade de ponta deste jovem na extrema direita ou em alternativa na extrema esquerda, foram pagas a peso de ouro, e muitas questões se levantam:
Será que o jovem vale tanto dinheiro?
Será que não é um risco pagar tanto por 1 jovem que ainda não provou nada?
Esta contratação surge no seguimento da contratação por parte do Chelsea, de Rajkovic, de 16 anos por uma verba a rondar os 5 milhões de euros. O central Sérvio, só se juntará aos companheiros londrinos em 2007.
Anderson abandonou o Grémio por qualquer coisa como 5 milhões de Euros, rumo ao Dragão.
Rámon e Diego estão de partida do Atlético Mineiro, vendidos por 5 milhões de Euros á MSI, e são naturalmente apontados como reforços do Corinthians.
Carlos Vela, melhor marcador do campeonato do Mundo de sub17 assinou pelo Arsenal.
E já antes destes, tínhamos Messi a actuar no Barcelona desde os 14 anos, Giovanni dos Santos, o mágico mexicano, que alinha desde os 15 também no Barcelona, Sahin a estrela da selecção turca de sub17 actua no Dortmund desde muito novo…etc.
E só para ficarem com um exemplo ainda mais claro: Wayne Rooney!
Depois de perceber que os grandes clubes Europeus intensificaram a caça ás jovens promessas temos obrigatoriamente que pensar no que levará os clubes a pagarem caro por jovens que ainda não garantem qualidade? Ou será que garantem?
A concorrência no mercado de transferências é muito, muito forte. Os jogadores sofrem fortes inflacções devido á disputa por vários clubes, nos seus serviços.
E existem 3 ou 4 clubes que neste momento conseguem levar vantagem sobre todos os outros no que toca a garantir os jogadores que querem: Chelsea e Real Madrid são os exemplos máximos, fruto dos orçamentos milionários que possuem.
Assim, torna-se cada vez mais necessário, garantir o concurso dos mais promissores jogadores, de uma forma precoce para evitar que os valores dos seus passes ainda não sejam demasiadamente altos, e de forma a que estes sejam contratados sem disputa de outros clubes…que dificultariam e inflacionariam o negócio.
Esta concorrência até no mercado dos mais jovens, levou a que os gabinetes de prospecção ,de jovens talentos, dos diversos clubes, vistos até á pouco tempo, com algum amadorismo, tenham ganho um espaço vital dentro dos clubes, e se tenha passado até a montar redes á escola global de prospecção de jovens valores.
Hoje em dia é natural vermos “Scouts” dos grandes clubes Europeus nos cantos “mais escondidos” do Mundo á procura do Futuro Pele ou Maradona.
A “caça” é intensa, profissional e dotada de meios nunca anteriormente vistos.
Percebemos assim, que o Futebol hoje em dia, é um negócio levado ao pormenor, e são nesses pormenores que os clubes devem tentar ganhar supermacia sobre os outros, pois esse destaque presente, pode ser a base do futuro de amanha.
A forte concorrência é claramente um efeito da Aldeia global onde vivemos.
Outra das causas para tamanha procura de talento jovem deve-se ás leis que futuramente serão incrementadas pela Uefa.
A Uefa irá obrigar os clubes a ter nas suas fileiras principais, um certo número de atletas formados nos seus escalões de formação, número esse que vai aumentar ao longo das futuras épocas.
Ora se até aos dias de hoje, alguns clubes marginalizavam “o talento” proveniente dos seus escalões de formação, no futuro próximo terão que lhe dar muito valor, pois terão que preencher 3 ou 4 vagas do seu lote de 25 jogadores, com jogadores vindos da formação, e portanto ou garantem qualidade vinda da formação, ou terão menos 3 ou 4 opções viáveis no seu plantel.
Assim sendo, adquirir jogadores com 15,16,17 anos pode ser uma forma de aproveitar a formação, e acabar por garantir que o lote de 25 jogadores do plantel seja um grupo homogéneo e de total qualidade.
Em Portugal o 1º clube a aderir a esta nova forma de “pensar” e de “apetrechar” as suas fileiras com talento jovem, é o Sport Lisboa e Benfica.
Fruto da aplicação de uma prospecção alargada, o Benfica acaba de garantir o concurso do mais promissor jogador Australiano (embora este esteja com dificuldades burocráticas), um internacional Chileno, um dos melhores valores chineses, e mais recentemente assinou pelo clube da Águia um jovem de 15 anos, Moçambicano conhecido por Rivaldo (devido ás suas semelhanças futebolísticas, com o craque Brasileiro).
O FC Porto começa também a inserir-se nesta realidade próxima, e contratou Cardenas, médio espanhol de 14 anos.
Conclusão: Existe já actualmente, uma nova fase no Mundo das Contratações, a fase da caça ao Talento jovem.
A prospecção ganha agora uma dimensão muito ampla e solidificada no Mundo do Futebol Internacional, e a organização e qualidade desta será um dos factores de sucesso ou insucesso dos clubes.
Começou uma nova era no Mundo do Futebol!
A FIFA cria leis para impedir estas contratações precoces, mas não serão os clubes capazes de contrariar toda esta legislação? A mim parece-me obvio que sim…. E essa “manobra” começa já a ficar bem patente, com a recente contratação de jovens atletas, por parte dos grandes Clubes.
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