24 abril 2006

Penso eu de que! (especial campeão)




Na minha análise desta semana, penso que é legítimo falar, única e exclusivamente, do FC Porto, pois é o novo Campeão Português.

A época do Porto não foi sempre pacífica e chegou a ter alguns pontos alarmantes e “quentes.
Penso então ser um bom “exercício” avaliar quais os pontos positivos deste Porto, deixando para a semana os pontos negativos e para o fim do campeonato uma análise cuidada á forma de actuar do campeão nacional.


Pontos Positivos

A estrutura directiva do FC Porto.
Ao longo dos anos temos assistido no Futebol Português a um vai e vem de dirigentes e personalidades, que, ou por não convencerem ou pelo títulos faltarem, vão deixando vazias as cadeiras do poder.
São poucos os clubes, que demonstram uma estrutura hierárquica forte e bem delineada, com figuras centrais e posteriormente todo um rol de elementos a trabalhar em função dessas mesmas figuras.
No FC Porto, a sua força maior reside no poder central de Pinto da Costa, poder máximo do Porto, voz única do clube, e depois num numero restrito de elementos que complementam a “visão” do Presidente, refiro-me ao Antero Henrique e ao carismático Reinaldo Teles.
É de facto uma estrutura muito sólida, imune a pressões “externas”, e sobretudo uma estrutura fechada, onde a informação fica dentro do clube…e as questões se resolvem lá dentro.

É certo que existem alguns argumentos a apontar á crescente “mediatização” da SAD Portista, no entanto, as figuras centrais e “históricas” do Porto vão prevalecendo, e com isso o grande beneficiado é o próprio clube.


A mística
Muito se falou na partida de jogadores carismáticos, que abandonaram o clube em colisão com a direcção ou até com o próprio treinador.
Jogadores como Costinha (á 2 anos), Jorge Costa, Nuno Valente ou até a perda de importância de Baia no 11, levaram á “ilusão” de um vazio de mística e de liderança no balneário do Dragão. Mas puro engano….
A mística continua lá, enraizou-se nas paredes do clube, e dificilmente será extinta.
Saiu o capitão Jorge Costa (insubstituível), mas deu um passo em frente Pedro Emanuel. Baía, a titular ou suplente, continua a liderar as tropas e a incutir nos mais novos o espírito “tripeiro”.
R Costa, embora seja um jogador pouco consensual, entre os adeptos, no que toca a valor técnico, é mais um dos porta-estandartes dos valores que levaram o Porto a um domínio do Futebol Portugues nos últimos anos.
Enfim, mais nomes poderiam ser citados, mas o cerne da questão reside na forma como o Porto ,ano após ano, consegue manter a mística e criar novos “líderes” para que esta se propague por todos os elementos da equipa.
Louvável!


A disciplina
Muito se falou nos problemas disciplinares do Porto na época 04/05, quer dentro quer fora do campo.
Muito se especulou até que terá sido a indisciplina um dos principais factores que contribuíram para o fracasso Portista.
No entanto, em 05/06 tudo tem sido diferente.
Muito menos cartões, uma das equipas mais disciplinadas da Liga, ausência de comportamentos pouco profissionais dos jogadores…em termos extra futebolísticos, e sobretudo uma mão de ferro do treinador Co Adriaanse.
O Holandês veio rotulado de disciplinador e tem sido esse um dos sues principais argumentos de sucesso.
A equipa dentro de campo joga nos limites mas sempre de forma leal e não muito dura. Pouco se protesta as decisões dos árbitros e qualquer acto de indisciplina mais irracional é severamente punido pelo treinador Holandês (que o digam Quaresma e Bruno Alves).
Fora do terreno de jogo, é sabida a forma profissional e empenhada como os jogadores treinam ,caso contrario saem (como foi o caso de Postiga).
E se esta disciplina se sente nessas vertentes que citei, também se sente na forma disciplinada como os jogadores cumprem as suas funções em campo. O Holandês não tolera falta de jogo colectivo ou omissão das tarefas de cada atleta. Cada jogador sabe o que tem a fazer e sabe que o tem que cumprir, caso contrário no jogo seguinte não joga (que o digam Ibson e Diego).


A modelação táctica
Adriaanse tem demonstrado que é um Homem de convicções e sobretudo de crença no seu modelo de jogo.
É verdade que demorou a impor esse seu modelo, e durante um período da temporada ainda hesitou em colocar o 3-4-3 ou 3-3-4 em prática. Esta hesitação talvez se explique pela falta de conhecimento dos seus jogadores e do campeonato Portugues.
No entanto, após alguns meses apostou definitivamente no modelo, que convictamente defende.
A verdade é que a início gerou desconfiança, no entanto, hoje em dia, é consensual que é um modelo que se adapta bem ao Futebol Português e é sem dúvida um modelo bem estruturado e ,nesta altura da temporada, bem oleado (principalmente o 3-4-3).
A hesitação, passo a surpresa e veio dar agora origem a louvor. Os adeptos estão convencidos, a equipa tem plena noção do que fazer em qualquer situação de jogo e o colectivo prevalece sempre, neste Porto campeão.


O blackout
A imprensa desportiva Portuguesa é feroz quando sente medo.
Assim, mal sentiu alguma “tremideira” na consistência Portista, e alguma insatisfação nos adeptos azuis e Brancos, “atacou” ferozmente o treinador Adriaanse e pôs até o seu valor e a sua personalidade em causa.
O Porto, inteligentemente, não entrou em retaliações e fechou-se para dentro, deixando de prestar declarações, em nome da tranquilidade e serenidade do balneário.
A verdade é que foi uma aposta ganha, e mesmo vendo críticas constantes dos jornalistas a esta posição do clube, a verdade é que o Porto ganhou muito a partir do momento que afastou a imprensa. Ganhou tranquilidade e “tempo” para deixar trabalhar o seu técnico.


O timing
Numa altura de grande contestação ao treinador Holandês e á sua filosofia de jogo, Pinto da Costa surpreendeu “meio mundo” anunciando a renovação com o treinador por mais 2 anos.
Foi, sem duvida, uma decisão que deixou perplexa toda a nação Portista, no entanto, e já em jeito de balanço (e portanto de mais fácil análise) acabou por ser uma medida extremamente acertada, pois criou um “balão de oxigénio” para o treinador respirar, e por outro lado, “calou” algumas vozes críticas que faziam de tudo para afastar o treinador.


A juventude

O Porto é uma equipa campeã, e com a máquina oleada tem demonstrado muita personalidade.
No entanto, o mérito ainda é maior quando constatamos que o plantel é extremamente jovem, com uma fantástica margem de progressão e com activos muito importantes para o clube.


O dedo de um “formador”


Numa equipa tão jovem, seria necessário uma pessoa experiente e “conhecedora” para lapidar todo o talento em bruto que existia no Dragão.
Pinto da Costa, recorreu á famosa escola formadora “Holandesa” para garantir que esse trabalho seria feito com mestria e ponderação.
Chegou Adriaanse, alguém que esteve ligado á formação dos atletas campeões europeus pelo Ajax, e mais tarde de jogadores como Zlatan ou Van der Vaart.
A verdade é que Adriaanse demonstrou a sua qualidade, tornando jogadores como Pepe ou R Meireles (mal amados no Dragão), em peças basilares da equipa.
Pepe é, incontestavelmente, a grande revelação do campeonato, e perspectiva-se um futuro enorme para este atleta, e claro, um encaixe financeiro muito considerável para o FC Porto.
Mas não é so Pepe e R Meireles. Quaresma , depois de uma época individualista e pouco produtiva, aparece no banco para mais tarde explodir para uma época tremenda em 05/06, Ivanildo tem progredido imenso, Anderson ,aos poucos, vai sendo lapidado. Bosingwa vai ganhando maturidade e sobretudo coerência no seu jogo, algo que ainda não está consolidado, mas que para lá caminha.
E o rol de jogadores continuava…..
Adriaanse é ,de facto, fabuloso na formação, e jogadores como Hélder Barbosa..entre outros, podem vir a colher frutos deste “know how” do técnico holandês.
Uma palavra de apreço, pela forma como o Porto se vai moldando de forma a se assemelhar ás estruturas dos clubes Holandeses..como forma de no futuro se tornar um clube auto sustentável.


O futuro
Com o modelo de jogo implantado, as filosofias do treinador bem enraizadas, o núcleo do plantel estruturado, e a juventude a ser cada vez mais lapidada, rumo ao brilhantismo..os opinion makers só podem perspectivar um grande futuro para esta equipa e para os seus jogadores.


Até para a semana e parabéns ao Porto!



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