25 maio 2006

Desilusão

Portugal engalanou-se para receber mais um grande evento do Futebol Europeu, o Campeonato Europeu de Sub21.
O lote de jogadores que representam Portugal, faziam-nos sonhar com a glória, o publico Portugues poderia ser o 12 atleta, e a final era o mínimo exigido.

Inacreditavelmente, Portugal chega ao último jogo da fase de grupos praticamente eliminado.
Duas derrotas, duas péssimas exibições e 0 golos marcados.



O que terá falhado?

Seria a falta de qualidade dos nossos atletas? Bom, Portugal conta com o melhor lote de atletas que há memoria, em Portugal. Jogadores seguidos pelos grandes clubes Europeus, jogadores com claras aspirações até a participar no Mundial.
É de opinião unânime que este é o melhor grupo de sub21 que há memória.

Seria dos adversários serem superiores?
Portugal fez uma fase de qualificação onde em 10 jogos, venceu as 10 partidas.
Tem tradição no Futebol jovem, tem a 2ª selecção mais “cara” (em relação a um estudo..sobre o actual valor do passe dos atletas), tem alguns dos melhores jovens atletas da Europa e do Mundo, na sua categoria.

Seria do ambiente?
Portugal joga em casa, com o seu público, nos seus Estádios, com o seu clima.

Então onde está a explicação??
Bom, não gosto de culpabilizar o treinador na hora dos fracassos.
Admito que gosto da seriedade do Agostinho Oliveira e sempre gostei do seu discurso coerente e sobretudo realista.

No entanto, o Agostinho Oliveira que me desculpe, mas só existe um culpado neste “balde de água fria”, só existe uma personagem a quem apontar o dedo, e essa pessoa é o seleccionador nacional sub21.
Após ter sido oficializada a convocatória para o Euro, estranhei a ausência de laterais de raiz, á excepção do “tocado” Nelson.
Considerei também excessivo,o número de centrais chamados.
O primeiro pensamento foi para a possibilidade de utilizar 3 defesas.
Mas questiono-me. Se Portugal ganhou os 10 jogos, se sofreu pouquíssimos golos, porque raio teríamos que alterar uma fórmula ganhadora?

Por outro lado, após uma fase de grupos (qualificação) muito forte, assistimos a um play off muito difícil e vencido perto do fim.
No jogo no Bessa frente á Suiça, foi incrível a forma como Portugal, com tanto talento e qualidade nos seus centro campistas, decidiu sempre jogar longo para a cabeça do “inconstante” H Almeida.
Felizmente pudemos fazer a festa, mas talvez tenha sido um aviso do que se seguiria, aviso esse…ignorado por todos.

Portugal chega ao jogo da França com uma equipa completamente descaracterizada.
Rolanda aparece como titular, um atleta que nunca tinha jogado.
Nuno Morais sensacionalmente aparece como lateral esquerdo.
Conclusão, a defesa de Portugal tremeu, a equipa mostrou-se desinspirada e a derrota surge com justiça e a pecar por escassa.

Logo após o jogo, Agostinho Oliveira promete alterações, e ainda conseguiu “destabilizar” mais a equipa.
Altera os 2 laterais, jogando com 2 extremos a laterais (pq raio não convocou laterais de raiz?), mostrando total falta de “respeito” pelas capacidades ofensivas do adversário.
Chamou Meireles e M Fernandes, que foram manifestamente insuficientes (apesar das boa exibição) para apoiar os centrais e terem eles mesmo que transportar a bola para o ataque.
Nani jogou desposicionado, Varela apareceu na direita sem se perceber bem porque razão.
Enfim, um sem número de adaptações que desorientou a equipa.
O resultado foi mais uma derrota por 2-0, mesmo com um penalty defendido pelo gigante Bruno Vale.

Este é o saldo do Europeu até ao momento:
Portugal, para além da clara desinspiração de alguns elementos (Hugo Almeida esteve uma nulidade autentica..por exemplo), apareceu em campo sem um modelo de jogo definido, sem um desenho táctico coerente, sem missões individuais bem presentes na cabeça dos jogadores.
Jogadores mostraram clara falta de rotina nos lugares aos quais foram adaptados.
E mais grave, Portugal demonstrou uma “Almeido-dependencia” pois bastou não resultarem os cruzamentos e os balões para a área…e o jogo ofensivo de Portugal pura e simplesmente não encontrou outras soluções.

É triste, muito triste o desfecho deste Europeu para a selecção das Quinas.
É triste para atletas de tanto nível, que com inspiração ou sem, tudo tentaram para conseguir resultados positivos. No entanto, quando no banco se complica e se cometem erros infantis, quer na cimentação do modelo, quer nos princípios quer posteriormente nas substituições, é quase impossível uma selecção não ceder.

Portugal precisa de um milagre para se apurar, mas Agostinho Oliveira já tem a sua avaliação feita.
Para mim é o grande responsável por este desaire.
Não pretendo aqui manchar a carreira do treinador ou a personalidade do Homem, mas pura e simplesmente esteve péssimo na montagem e gestão da selecção.

É pena, pois o povo Português merecia mais!


Vamos acreditar que a França vai ganhar á Servia, se possível com uma goleada, e vamos acreditar que a nulidade que tem sido a selecção Portuguesa, vai depois de completamente destruída psicologicamente ganhar por muitos golos de diferença á Alemanha……..

8 comentários:

Anónimo disse...

Nélson,

A minha opinião é um pouco brusca e reflecte um treinador que na minha opinião não tem apetências para ser seleccionador de sub-21. Acho que foram cometidos graves equívocos e penso que os mais gritantes nem foram ao nível dos laterais.
No primeiro jogo, o nosso Agostinho colocou o Moutinho como nº10 e o Manuel Fernandes como "box-to-box" quando se percebia que tinha de ser feito exactamente o inverso. Depois, jogou com o Nani em constantes diagonais e com o Quaresma a cruzar bolas para o 2ºposte, onde o Hugo Almeida era facilmente bloqueado(quer França quer Sérvia) tinham bons centrais. Se Agostinho queria usar este esquema, porque não utilizar Custódio e João Moutinho no centro, com o Manuel Fernandes a pautar o ritmo? Sim, porque para o Hugo Almeida jogar há mesmo que esquematizar a equipa em 4x3x3 que no meu ponto de vista necessita de um nº6 bom tacticamente e forte no jogo aéreo.
Também não percebo porque motivo é que colocou a equipa a jogar em 4x4x2 com o Varela(rotinado nesse sistema em Setubal) e mais uma vez o Hugo Almeida, completamente desajustado.
Assim, em jeito de conclusão,penso que o problema de Portugal esteve sobretudo no ataque e na falta de um bom número 6 e de um número 10(que tinha só que não quis colocar o Manuel Fernandes no lugar certo).
Contudo, acho que a pecha das alas defensivas é também gritante,sobretudo pela forma como a Sérvia marcou o primeiro golo. Em jeito de análise dos adversários quero destacar um trinco francês que me encheu as medidas, Toulalan, e hoje um defesa-esquerdo absolutamente irrepreensivel, de seu nome Ladic.

Nelson Oliveira disse...

Discordo, nao creio que o problema estivesse no total numero 6, mas sim numa total falta de rotinas e missões individuais, face ás adaptacoes posicionais que foram gritantes, e face ás constantes alteracoes..que deixaram bem patente a falta de um onze e de uma estrategia bem delineada.

Penso que o Raul Meireles, que não me parece entrar nesse teu esquema..é imprescindivel e contra a Servia esteve "gigante".
Não creio também que seja o Manuel Fernandes o tal numero 10, pq acredito que ele seja um natural box-to-box, e acredito até que num esquema de 4-3-3, não necessitariamos de um numero 10 puro, mas sim de 2 vertices ofensivos que estivessem rotinados a compensar as subidas um do outro.

E para mim o grande problema esteve no futebol "chipado" que apresentou..pois só sabem jogar de uma forma, e eliminada essa forma..não são capazes de diagnosticar fraquezas no adversario e outras formas de penetrar.

Se os adversários da Servia eram tao altos e mostraram tanta qualidade no jogo aereo..pké insistir sempre no mesmo, principalmente depois de terem tido um intervalo para redifinir estratégias?

São erros a mais, para um tecnico só..e tenho pena porque reafirmo que me parece ser um treinador realista e sincero.

Nelson Oliveira disse...

ps: ainda falarei das individualidades que se destacaram mas para já ficam alguns nomes:

Matuva, o guardião frances, Toulalan, Bendtner, Matip, Stojkovic, Stepanov e Rosina.

Futebol Formacao disse...

Boas.... Em alguns bolgs eu comentei o Agostinho OLiveira e o quanto eu o considero competente, e continuo a axar!! Penso que um ponto que nao focaram e deveremos focar é a motivação de alguns atletas (Quaresma, Moutinho e Manuel Fernandes) que quer queiramos ou nao ficaram psicologicamente em baixo pela nao convocaçao para a selecçao A. Quanto ao que fizemos nestes dois jogos, foi uma constante de bolas para o H Almeida, que muito lutou desamparado, sim, porque mesmo ele ganhando as bolas de cabeça, nos nunca ganhamos as ditas 2 bola, e ai faltou o n10 ou algum dos trincos subir mais no terreno, mas o que eu estranho é a equipa nao tar preparada para utilizar um futebol mais pensado e pela relva. Outro factor foi que apesar de bem alguns jogadores do meio campo, falto criar mais linhas de passe, mais movimentaçoes dos jogadores sem bola e contra a frança, foi notorio isso pk nao conseguiamos sair a jogar de tras pa frente organizados, mesmo tendo quaresma e nani(pa esquecer) nas alas. Muito abaixo do que eu esperava foi o central da academica, completamente desenquadrado e com receio de sair a jogar.

Anónimo disse...

Não se esqueçam que o Agostinho Oliveira ganhou 10 jogos e ,nessa altura, foi considerado o 'maior'. É claro que torna-se, face a esse sucesso temporal, o alvo mais apetecível da crítica ao passo que os jogadores saem quase incólumes desses desaires impensáveis para a maioria dos adeptos. Será que a eles não poderá ser imputada alguma quota parte de culpa? Como ex-atleta penso que há coisas que o treinador nem precisará de intervir ou alterar no sentido de podermos exponenciar todo o nosso valor no jogo. Poderá, na minha opinião, não ter havido o tempo suficiente para 'amadurecer' certas ideias da parte do treinador.Um bem haja a todos.

Nelson Oliveira disse...

Miguel, não quero de forma alguma negligenciar uma quota parte de "culpa" dos atletas.
Mas neste caso, e depois de uma avaliação exaustiva aos 2 jogos de Portugal (pq fiquei completamente decepcionado com tudo o que se tem passado) continuo a referir que a falta de organização, de liderança, e sobretudo de "visão"...estão na causa do desaire e esses aspectos são aspectos relativos a um treinador.

Exemplos:
Ausencia de laterais na convocatoria (Excepcao feita ao Nelson)

Desposicionamento de atletas (Nuno Morais a lateral, 2 extremos a laterais, um numero 8 a trinco, varela na direita, Quaresma a jogar no centro..etc)

Substituicoes mal conseguidas. A saída do M Fernandes contra a França partiu completamente o jogo de Portugal.

Clara ausencia de modelo de jogo e de um onze consolidado: Portugal alterava de 30 em 30 minutos toda a forma de jogar, posicionamento de jogadores, e mostrou clara ausencia de um onze base.
Relembro que só no jogo de estreia se estrearam 2 jogadores e um 3o que so tinha jogado num amigável...ou seja, os 10 jogos 10 vitorias..em nada serviram para escalar o onze.

E não sei se tiveste a hipotese de ver eo Portugal-Suiça, pois foi desesperante a forma como Portugal estava dependente do ALmeida.
Com tanto talento no meio campo e com bons rematadores de meia distancia (Quaresma,Fernandes,Meireles..etc) procuramos futebol directo..dos centrais para o ponta de lança..que desanparado (e nem vou questionar se é bom ou mau) nada pode fazer.

Parece a mim que os jogadores se têm esforçados, uns tÊm sido mais felizes nas exibicoes que outros, mas sobretudo sinto os jogadores perdidos, desenquadrados com aquilo que o Agostinho se lembrou de lhes pedir, e sobretudo penso que temos 11 individualidades, e como se viu no Real Madrid..individualidades não ganham a EQUIPAS.

Uma frase de um amigo meu: "A frança parece 10 anos mais velha a jogar..do que Portugal"--acho que isto diz tudo, a França não se destaca por individualidades, destaca-se pela coesão e pela lucidez tactica com que joga.
E aí..a responsabilidade da ausencia de modelo..é inteira do seleccionador.

E se contra seleccoes menos poderosas nao se sente tanto, com seleccoes de topo...claro q se tem que sentir, pois as individualidades entre patamares mais proximos de qualidade..nao conseguem por si so desiquilibrar.

Anónimo disse...

Bons jogadores temos nós, pena que isso não chega para fazer uma equipa. Não estou em querer que um treinador passe assim do 8 ao 80, os jogadores tem muitas culpas no cartorio. Quantas bolas ganhou o H Almeida de cabeça? As poucas que o fez foram sem nexo.

Nelson Oliveira disse...

Em relaçao ao Hugo Almeida é verdade q nao tem sido eficaz.
Mas como pode um avançado superiorizar-se aos 2 centrais, quando as bolas saem bombeadas desde os centrais? O Almeida é obrigado a atacar a bola de costas para a baliza e sozinho..perante 2 centrais q estao de frente...

Não interessa a quantidade de bolas sao bombeadas..mas sim a qualidade e pertinencia dessas bolas.
Contra aServia em cada 5 cruzamentos 4 eram interceptados pelo 1o defesa contrário..pois eram bolas tensas mas baixas.

Pergunta:
Será q a qualificacao de Portugal foi assim um feito tao estraordinário? é verdade q 10 em 10 é mt bom, mas viram contra que seleccoes jogamos?Luxemburgos,Letonias...etc.

Apanhamos a Suiça..q vinha de uma vitoria no campeonato da Europa de sub17...e treme-mos...apuramo-nos ja perto do fim.