03 julho 2007

Euro Sub21 2007



O Euro Sub21 terminou, com a Holanda pela segunda vez consecutiva a conquistar o ceptro, embora desta vez com mais sabor pois actuavam perante o seu público.
Numa breve retrospectiva, Portugal enfrentava no seu grupo Belgica, Holanda e Israel.
Sabendo-se da qualidade individual dos jogadores Holandeses, antevendo-se a mestria e a mecanização do seu jogo colectivo, Portugal tinha a obrigação de assegurar bons resultados contra equipas de um nível mais baixo, Bélgica e Israel.

Portugal - Belgica
Muito se falou na pretensa qualidade Belga por terem 5,6 jogadores a actuarem pela selecção principal, mas muitos esqueceram-se de referir que a selecção Belga não é a mesma de outros tempos e apresenta até níveis qualitativos algo baixos.
Como tal e olhando á qualidade dos atletas Portugueses só poderiamos exigir uma vitória, mas desde cedo se percebeu que o jogo ia ser complicado, pois até o discurso de Couceiro soou a derrotista aliviando ainda antes do jogo... uma lógica responsabilidade que os atletas Portugueses tinham de vencer á congénere Belga.
A verdade é que a equipa de Portugal apareceu sem chama, extremamente desorganizada. O ponto conquistado acabou por parecer um mal menor, uma vez que a Bélgica foi superior durante grande parte da partida.

Portugal – Holanda
Na 2ª partida defrontamos aquela que para mim seria á partida a favorita, pela qualidade dos seus jogadores, pelo facto de serem os detentores do título e pelo factor casa.
Foi mais um jogo em que durante 45 minutos fomos uma selecção perdida em campo, esbarrando em erros tácticos básicos.
Durante os 25 minutos finais, depois de corrigidas o posicionamento dos jogadores Portugueses finalmente conseguimos mostrar algum futebol, mas não chegou...
Culpar o árbitro? Sim, o arbitro errou, mas mais uma vez Portugal caiu porque foi inferior.

Portugal – Israel
Contra Israel e já num figurino táctico mais coerente, Portugal apresentou-se num registo de bom nível, jogando com organização e alma.
Foi uma vitória categórica, mas nunca uma exibição que desculpe todos os erros dos jogos passados, pois quer se queira quer não..Portugal defrontou uma selecção já afastada.


As razões do desaire
São já 2 Europeus em anos consecutivos que acabam em desilusão.
Nas duas competições Portugal ,face ao nível individual dos jogadores que convocou, apresentou-se como candidato. Em ambos saiu vergado.
Eu encontro algumas explicações que podem explicar pelo menos parcialmente estes desaires.
Portugal tem aparecido com claras fragilidades colectivas. Em termos comparativos até com selecções de pior nível individual, a selecção Portuguesa de Sub21 apresenta um vazio colectivo preocupante.
Não obstante os erros claros de José Couceiro que sobretudo não soube tirar proveito do “esqueleto” do Sporting, (algo que Scolari acabou ,depois de muita teimosia, por fazer com o FC Porto, campeão Europeu, de José Mourinho) procurando utilizar uma espécie trivot (Amorim, Veloso e M Fernandes) que castrava a largura do jogo de Veloso e M Fernandes e por outro lado criava enormes dificuldades posicionais aos atletas da selecção e optando ainda por distanciar em demasia Moutinho e Nani provocando falta de ligação entre sectores, o denominador comum nos 2 Europeus de Sub21 foi mesmo a falta de rotinas colectivas que numa Holanda, Italia, Servia, Ucrania..etc não verifiquei.

É necessário portanto um trabalho de base e continuidade, assente num único modelo de jogo com algumas adaptações face aos jogadores disponíveis na altura.
Esta trabalho de continuidade permitirá aliar a boa qualidade dos atletas a uma maior cultura táctica, algo essencial para quem quer vencer competições.
No fundo se este trabalho já existe(e acredito que sim) na prática não aparece..como tal é necessário rever todo o planeamento.

Por outro lado aquilo que se viu nas duas ultimas competições europeias de Sub21 foi um Portugal menos competitivo, mais “preguiçoso”.
Jogadores com menor índice de agressividade, em claras dificuldades físicas e com jogadores em claro subrendimento.
É verdade que alguns destes atletas estiveram expostos a uma época desgastante, recheada de jogos e competições, no entanto relembro que nas outras selecções os jogadores estão expostos á mesma exigência conseguindo chegar a esta fase da temporada mais frescos e determinados.
Nesse sentido também terá que ser pensado numa outra abordagem.

Os mais do Euro (Portugal)
Começo por falar de 3 elementos que para mim são futuros jogadores chave na selecção Nacional (e aqui não me interessa se é daqui a 2,4 ou 5 anos):

Manuel da Costa. Jovem talento que actuou no Nancy antes de rumar ao PSV (com 18 anos esteve a um passo de ingressar no FC Porto), é um central moderno e exprime já em campo uma vertente de treino muito explorada na Holanda..a componente da técnica individual.
Depois de um Torneio de Toulon onde demonstrou muita qualidade e margem de progressão e depois de algumas chamadas á selecção Nacional, neste Europeu Manuel da Costa deixou claro que tem um potencial enorme.
Sentido posicional de bom nível, timing de tackle fora do comum, boa capacidade física, velocidade qb, forte mentalmente e uma capacidade técnica fora do comum para um central..fazem de Manuel da Costa um dos mais promissores centrais Europeus. Talvez lhe fizesse bem mais um ano na Holanda antes de rumar a outras paragens.

Miguel Veloso. É um pivot defensivo moderno. Forte qb fisicamente, tem um sentido posicional e colectivo bastante forte. É forte no desarme mas deslumbra mais na primeira fase de construção e na capcidade de posse de bola. Tem uns pés requintados, a capacidade de passe é de elevado nível e tem uma personalidade que lhe permitirá certamente atingir os píncaros do Futebol Internacional.
Está encontrado o 6 de futuro da selecção nacional.

Manuel Fernandes. Que bem lhe fez a passagem por Inglaterra. O Manélélé do Benfica era um jogador voluntarioso, com pulmão, boa qualidade de passe e um remate de meia distância maravilhoso. Com a sua natural maturação é hoje um jogador com uma dimensão física fora do comum. Capaz de segurar a bola mesmo pressionado por um ou mais atletas, capacidade de choque poderosa, forte a defender e a atacar.
Está um box to box completíssimo e é neste momento um jovem capaz de fazer furor em qualquer equipa.

Estes são os 3 atletas que em termos de características, qualidade e margem de progressão parecem ter um futuro risonho á sua frente.
Jogadores extremamente completos, jogadores de colectivo e que incutem muita segurança defensiva e capacidade de construção de jogo a qualquer equipa onde joguem.
Serão bem vindos na selecção principal.

Obviamente que não me esqueci de Moutinho e Nani.
Moutinho é um excelente jogador mas dá a sensação que a dimensão do seu jogo não pode crescer muito mais, pois tudo aquilo que faz...é conseguido com alma e raça. Tem tudo para se afirmar no futebol nacional mas dificilmente atingirá uma dimensão internacional muito elevada.
Quanto a Nani, um olheiro do Chelsea disse algo com algum sentido. Embora sendo um jogador com atributos físicos fora do comuns (agilidade, elasticidade) e com uma velocidade típica de um extremo, Nani tem registado uma evolução algo lenta no seu jogo. O Nani da temporada passada é o mesmo Nani desta temporada, quando se esperaria uma explosão. A sua transferência para o Manchester poderá ser a oportunidade e o tónico para explodir definitivamente.

Queria também salientar alguns pormenores de Vaz Té que embora limitado mostrou uma mobilidade muito inteligente e eficaz.
Nota ainda para as prestações de Varela e João Pereira, pois embora apresentem lacunas que dificultarão a ascensão a um patamar elevado, demonstraram raça e vontade.


Os mais do Euro
A Holanda voltou mais uma vez a dar a conhecer jogadores com muito boa qualidade.
Vlaar é um central promissor, Maduro uma certeza no meio campo defensivo e Babel confirmou a sua qualidade.
Rigters maravilhou pela velocidade e pela capacidade de finalização que demonstrou, mas foi outro atleta que me encheu as medidas.
Falo-vos de Drenthe. Depois de um Torneio de Toulon (época passada) de grande nível como defesa esquerdo, Drenthe maravilhou o Mundo do Futebol pelo seu jogo rápido, inteligente, eficaz e vistoso.
Com uma raça assombrosa, é extremamente rápido e forte no choque. Tecnicamente é capaz de levantar uma plateia, aplicando posteriormente o seu cruzamento teleguiado de pé esquerdo. Creio que Drenthe acaba por potenciar o seu jogo mais como médio ala esquerdo do que como defesa esquerdo,

Reo Cooker, Nugent e Lita foram 3 jogadores em destaque na Inglaterra.
Reo Cooker é um box to box “electrico”, Nugent um avançado completo mas foi Lita a grande figura.
Lita é um avançado muito veloz e potente, com uma mobilidade e uma capacidade de desmarcação muito acima da média. Terá que melhorar a eficácia em frente á baliza.

Na Italia, para além dos já conhecidos Aquilani e Montolivo (este ultimo pouco exuberante nas suas exibições) destaco Chiellini um defesa bastante polivalente, forte fisicamente e com grande personalidade.
Pazzini, um excelente ponta de lança, esteve vários furos abaixo.

E termino falando de um avançado que me impressionou. Falo-vos de Mirallas da Bélgica. Forte fisicamente (não muito alto), é muito móvel, dá a sensação de estar em todo o lado, é forte na finalização e tem capacidade para desequilibrar de um para um. Belo avançado.

Segue-se o Mundial de Sub20, onde Portugal entrou com o pé direito..mas falarei mais tarde.

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