Planificação Inicial e as primeiras estratégias.

Começou o sonho, e senti necessidade em me auto organizar para que a eficiência seja uma realidade.
Li os documentos que me foram entregues pelo clube, pensei nos seus fortes objectivos, em formas de me tornar útil e tracei um plano.

Penso que na base de qualquer sucesso está um bom planeamento.
Como olheiro, á primeira vista pareceria obvio que o fundamental do trabalho passa-se por observações exaustivas, mas pensando muito bem sobre o assunto penso que seria cair no erro fácil.

Assim sendo, transmito-vos agora o 1º passo de planificação que decidi tomar.

Tendo sempre como pano de fundo os objectivos altos que me foram pedidos, pensei em todas as variáveis que se tornariam indispensáveis para atingir todo e qualquer propósito da observação no seu todo.
Existem assim 2 variáveis fundamentais, boa quantidade de jogos observados, de jogadores seguidos e por outro lado, qualidade de informação sobre clubes e jogadores. A 1ª premissa é a base do trabalho, a qualidade e quantidade de informação será a variável que dará rigor e qualidade ao mesmo.

Pensei, bom para que a informação exista em quantidade aceitável e para que eu tenha acesso á mesma terei que criar uma base de contactos muito forte.
Assim, estabeleci um Universo onde trabalhar (ou seja, os clubes que iria observar nesta 1ª fase….e para definir quais os clubes, tracei limites geográficos).
Fiz um levantamento de todos os clubes interessantes nesse mesmo limite geográfico.

Após este 1º passo, parti para o que me parece essencial para um observador ter sucesso.
Aponto agora baterias, nestas primeiras semanas de trabalho, para dentro do “universo” definido, criar contactos e elos de comunicação com treinadores e dirigentes dos clubes a que me auto propus observar.
E a razão é simples. O clube para o qual me orgulho, colaborar…é bastante rigoroso na quantidade e especificidade de informação que pretende sobre cada jogador ou clube.
Ora para que eu possa ser avaliado positivamente, terei obrigatoriamente que tentar obter essa informação da forma mais rigorosa e completa possível. Daí ter traçado o seguinte objectivo: Em 2, 3 semanas conseguir pelo menos um contacto por clube de dirigentes ou treinadores, que me permitam ter acesso a toda e qualquer informação que necessite sobre esse mesmo clube e seus jogadores.
Isso possibilitar-me-á, ao fazer as minhas observações, ter acesso aos dados pessoais dos jogadores, sendo mais fácil identifica-los nos jogos e posteriormente relatar essas mesmas informações á “base”.
Se em termos de observação técnico/táctica a quantidade e qualidade de informação depende unicamente de mim e da minha capacidade de analisar os jovens jogadores, a informação mais pessoal vai depender do sucesso que tiver no estabelecimento de contactos com dirigentes e treinadores que me possam facultar essa mesma informação.


Assim sendo, este será o meu primeiro grande passo nas próximas 2 semanas, sem contudo significar a ausência de observação de jogos entretanto.

Como 1 estratégia de observação, pensei numa outra premissa.
Será mais lógico observar jogos de diversas faixas etárias, misturando alguma informação e conceitos, ou por outro lado, definir períodos de tempo para observar determinado escalão, como forma de ter sempre presente níveis comparativos entre jogadores e clubes desse escalão atingindo um grau de “domínio” maior.
Obviamente decidi-me pela 2ª hipótese. Estabelecerei prazos de 2 meses, onde me debruçarei apenas e só num determinado escalão, para ter bem ciente mentalmente graus comparativos para assim aquilatar as qualidades dos miúdos.
Assim, o 1º escalão a ser observado será os Iniciados, o que não invalida que no caso de existir um jogo importante de outro escalão..o vá observar….mas o objecto de observação sobre esse período de tempo será sem dúvida o escalão determinado.

Escolhido o escalão, é necessário mentalmente pensar no que procurar.
Miúdos de 14, 15 anos ainda são um pouco verdes em termos tácticos, mas em termos individuais já demonstram algumas capacidades bem vincadas e é nesta idade que se começam a definir melhor posições e aptidões para certas funções em campo.
Assim, para este escalão, mais do que “maturidade” táctica, que dificilmente aparecerá (claro que uns terão mais do que outros), é necessário ter especialmente em atenção a técnica, a qualidade e velocidade de execução, a atitude competitiva e a capacidade física do jogador, mais do que outros atributos também eles essenciais.
Procura-se assim, qualidade em termos brutos, pois nestas idades ainda não se sente muito o dedo “do treinador”em termos tácticos e em termos posicionais.

Bom, fica aqui a minha planificação inicial e primeiras estratégias …para que o trabalho seja eficiente e rigoroso.
Espero sinceramente que esta minha filosofia seja a mais correcta como forma de conseguir um bom início neste novo mundo.