13 abril 2006

Entrevista com José G. Chieira (2ª parte)




E aqui estamos, para a 2ª parte da entrevista, com José Guilherme Chieira.

Penso, que é tempo de falarmos em temas “quentes” do nosso panorama futebolístico.
Assim, começo, desde já, pela Liga BetandWin.

José, começo por lhe fazer 2 perguntas muito gerais.
Qual a sua opinião, em relação ao nosso Campeonato?
O campeonato não é assim tão mau como muitos o ‘pintam’ – eu tenho oportunidade de ver muito futebol por esse mundo inteiro e acreditem que, em termos de qualidade/competitividade/organização das equipas, estamos num patamar bem interessante. Creio que tem havido, isso sim, uma guerra cada vez maior pelo ponto – o que condiciona o espectáculo. E este ano, com 4 clubes a descer de divisão, essa tendência tem-se acentuado.
Temos alguns bons jogadores (considerando os orçamentos disponíveis quando comparados com outras ligas), jogos quase sempre nivelados e uma competência aceitável em termos do trabalho específico dos treinadores (organização de equipas, estudo do detalhe, aproveitamento do erro, etc).

Qual a sua opinião, em relação aos dirigentes do Futebol Nacional?
Penso que o dirigismo que temos tem muito a ver com a própria cultura nacional – é mais uma questão de educação/formação do nosso povo do que outra coisa. E neste aspecto, como em alguns outros noutros quadrantes, deveríamos estar mais evoluídos.
FC Porto e Benfica contrataram 2 técnicos Holandeses. No entanto, o Campeonato Nacional é cada mais “um campeonato de treinadores Portugueses”.

Considera descabida a aposta em técnicos Holandeses, ou por outro lado, a vinda destes técnicos “incrementa” algo de novo no nosso Futebol?
O futebol é uma ciência que já deixou de ser oculta há muito tempo – e, também por isso, os clubes fazem escolhas conscientes e com determinadas intenções, seja numa tentativa de apostar em determinados tipos de culturas diferentes (de trabalho e de educação), e/ou procurar perfis ganhadores e competentes em vários vectores (técnico, lideracional, organizacional, conjuntural, etc).
Penso que estar a falar de ‘técnicos Holandeses’ é demasiado redutor – até porque Koeman e Adriaanse são bastante diferentes como treinadores (apesar de revelarem, naturalmente, uma postura mais ou menos alinhada noutros quadrantes).
Agora se houve ou não ‘incrementos’ ... eu creio que houve uma evolução em alguns sentidos, alguns dos quais até se revelam mais num contexto não-técnico.
E temos que ver que os clubes em causa (FC Porto e Benfica) lutam por objectivos máximos – e não é fácil encontrar, em qualquer mercado, treinadores com trajecto ganhador capazes de trazer uma mentalidade e hábito de vitória, até porque em cada país só um clube pode ser campeão em cada época e, assim, construir este tipo de perfil não é nunca um fenómeno muito frequente em qualquer mercado interno...

E em relação aos técnicos Portugueses? Considera que houve uma evolução dos treinadores em Portugal? Ou considera, que por outro lado, assistimos a uma alteração de mentalidade na aposta dos dirigentes em algo que é Nacional?
Penso que o ‘fenómeno Mourinho’ veio reacender a discussão sobre o ‘técnico português’ e funcionou em vários sentidos: por um lado, tornou-se evidente que um treinador português é capaz de ganhar tudo, trabalhando a um nível diferenciado mesmo em termos de cenário mundial, ultrapassando os ‘mitos’ dos treinadores/estrategas italianos, treinadores/espectáculo espanhois e outros (que tiveram aliás quase sempre, nos últimos 40 anos, jogadores e todo o tipo de condições com mais qualidade obtidos com orçamentos cada vez mais desnivelados); por outro lado, José Mourinho só há um, e seja qual for a sua fórmula de sucesso, penso que se caíu no exagero ao falar-se da ‘nova vaga’ de treinadores nacionais. Eu creio, isso sim, que há bons e maus treinadores – e em qualquer parte do mundo. E há uma natural evolução da ciência do treino em todo o mundo (tal como a Física ou a Medicina também avançam) e o treinador português também melhorou.
Ora se estamos a falar de uma indústria muito particular em cada país (já de si com culturas e vivências também particulares), é natural que um líder, um tomador de decisões, isto é, um treinador – esteja mais preparado para tomar as melhores decisões no seu próprio meio, aumentando a probabilidade do seu sucesso. E foi esta maior consciencialização (até pela evidência, após equívocos consecutivos) que levou o dirigente nacional a tomar decisões mais racionais – e apostar no ‘treinador português’, tal como já se verifica de uma forma geral nos países mais avançados nesta indústria ao apostarem em técnicos locais, em que a mobilidade internacional dos treinadores é bem menor que as dos jogadores.

Considera que cada vez mais, os clubes “designados” de pequenos conseguem travar duelos com os “designados” grandes? É defensor do campeonato estar nivelado por cima?
Como já referi antes, não penso que haja um nivelamento por baixo ... pelo menos quando comparamos com há 10 anos atrás, por exemplo.
Quanto aos duelos ‘grandes vs pequenos’: é óbvio que o factor ‘orçamento’ cria desequilíbrios decorrentes do natural funcionamento do mercado de transferências (treinadores, jogadores e outros profissionais) - mas também não é menos verdade que, hoje em dia, quase todos os factores que determinam as perfomances são aproximados: os recursos humanos, físicos, e organizacionais têm tido uma tendência geral de aproximação e a circulação da informação (factor determinante em todos os mercados, não só no futebol) é muito mais rápida e eficaz que no passado. Por exemplo, hoje um clube com menos capacidade financeira tem muito mais instrumentos ao seu dispor para aferir a qualidade/perfil de jogadores de qualquer continente ... o que (em teoria) minimiza a margem de erro e permite uma maior e melhor rentabilização dos seus recursos.
Mesmo assim é normal que ainda se verifiquem diferenças, se bem que menores, pois por vezes a diferença de talento ou de outras características específicas de alguns atletas tornam-nos tão especiais que a soma das partes tem de acabar por ser superior numa prova de regularidade como é um campeonato, independentemente de factores mais ou menos externos que se possam sempre sugerir.

Voltemos a introduzir o Football Manager.
O Futebol Português sempre foi visto como parente pobre, pelos clubes e dirigentes de outros países Europeus.

O José, na Sports Interactive, terá feedback da opinião de pesquisadores de todo o mundo sobre o nosso Futebol. Pode-nos dar uma ideia de qual é essa opinião?
A ideia circulante neste meio não é diferente do que a que circula noutros: existem bons jogadores, jogadores fantásticos (não muitos) e ... os outros.
Digamos que se nota, isso sim, um cada vez maior conhecimento das equipas nacionais, pois os canais televisivos locais e internacionais (desportivos e não só) acabam por mostrar sempre imagens da 1ªLiga.
Quanto a opiniões formadas sobre outros factores - é evidente que situações como as que se verificaram a época passada na indefinição de calendários, regras das competições etc ... não são prestigiantes. É sempre uma luta inglória tentar que todos os detalhes das nossas competições sejam devidamente implementados no FM, simplesmente porque a velocidade das alterações é muito superior à velocidade de programação da SI quando se tem de gerir as competições de mais de 50 países!

No Football Manager, temos assistido a uma melhoria significativa, ao longo dos anos, dos clubes e jogadores Portugueses. Poderei considerar este factor, como uma prova do reconhecimento Internacional da qualidade do Futebol Nacional?
Penso que sim – e/ou talvez os outros países tenham vindo a perceber que afinal não são assim tão melhores que nós ... os sucessos em provas internacionais têm sido cada vez mais frequentes e mediatizados, por isso há evidências que acabam por fazer ‘ajustar’ a evolução do FM de uma forma semelhante à da realidade.

Bom, por outro lado o José ao ser o elemento que cria e produz o Campeonato Português, pode indirectamente ser uma “peça” com algum peso na divulgação do nosso futebol, e da qualidade do mesmo. Sente isso? Tem essa preocupação?
Eu sinto que, acima de tudo, devemos fazer um trabalho colectivo sério em termos da transposição do futebol de cada país para este produto, que neste caso é o FM – e que este produto tem, ano após ano, uma força mediática considerável não só em Portugal como também em todo o mundo ... cada edição bate novos recordes de vendas e chega a todos os continentes.
E isto implica responsabilidade e compromisso da minha parte em ‘divulgar’ o nosso futebol – e ‘divulgar’ significa observar, registar, aferir, avaliar e transmitir literalmente tudo o que ‘é’ o Futebol Português...

O Futebol Português é constantemente criticado por dirigentes, políticos, etc.
José, o que mudaria no Futebol Nacional se tivesse esse poder?
Não é uma questão que se responda em poucas linhas ... mas uma postura mais controladora e reguladora das entidades competentes (Governo, Federação, Liga), seja com mecanismos de prevenção e/ou punição - seria positiva para que todos os agentes envolvidos no Futebol Nacional tivessem comportamentos mais racionais, respeitadores e positivos. É certo que esta indústria é muito particular (começando pela formação e sensibilidade específica das pessoas que a integram) e que o factor ‘educação’ do nosso povo tem uma marca muito própria – mas se esta mesma indústria funciona noutros países, então há que apreender e aprender o que fazer para que também em Portugal seja vista (e funcione) como uma indústria de sucesso.

Considera que o nosso Futebol revela sinais de amadorismo?
De uma forma geral sim ... mas tenho notado melhorias, principalmente em termos dos serviços complementares (promovidos por pessoas que não são ‘do’ futebol), os quais por vezes até acabam por ‘obrigar’ o dirigente a ser mais responsável e profissional.

Termino este tema com perguntas simples, mas curiosas.
José, quem será, na sua opinião, o vencedor do campeonato 05/06 em Portugal?
A minha opinião não conta para as contas ... mas não deve fugir da luta Porto/Sporting.

Quais os jogadores que o têm encantado nos relvados Portugueses?
Enquanto há muita gente que prefere valorizar o rigor táctico ou a solidez defensiva (tão em voga), eu tenho um encanto especial por jogadores de talento, que aportem o lado mais positivo do jogo, que dêem espectáculo ... Nani, Simão, Quaresma, Felipe Teixeira, Benachour, Fábio Felício, Manú, Alexandre Goulart ...
E depois também aprecio os outros de ‘futebol total’, que interpretam o futebol moderno de versatilidade, dinâmica, inteligência ... João Moutinho, Lucho, Manuel Fernandes, Harrison, Wenio...

E os clubes com mais probabilidades de descer. Quem serão?
Sinceramente, não me atrevo a avançar este prognóstico...

José, não resisto a fazer-lhe algumas perguntas sobre Blogs Futebolísticos.

Considera que a existência de blogs Futebolísticos de qualidade, é uma alternativa válida a uma imprensa desportiva cada vez mais manipulada e manipuladora?
Só o facto de haver alternativas já é positivo ... e tanto melhor se estão disponíveis neste fantástico veículo da democracia que é a internet e, ainda por cima, revelam uma capacidade crítica e analítica de qualidade, que vai desaparecendo da imprensa tradicional.

É visitante assíduo deste tipo de blogs?
Sou ... sempre que tenho tempo disponível!

Nunca pensou em criar um?
Pensar sim ... http://olheirofutebolclube.blogspot.com/ - mas infelizmente (ainda) não tive tempo para um único post!!

O que pensa do http://www.futebolices.blogspot.com/ ?
É sempre muito positivo ter a possibilidade de ler e reflectir sobre assuntos que, de outra forma, acabam por se diluir na velocidade a que corre a indústria do Futebol dos nossos dias – independentemente de nem sempre ter de haver concordância de ideias, o debate e a reflexão podem ajudar a educar e até a mudar mentalidades.
Por isso, parabéns pelo blog – já o conhecia e deixa-me sempre a pensar.

Bom, a entrevista já vai longa e portanto é tempo de terminar.

Perguntar-lhe-ia só para terminar, quais os seus planos para o Futuro?
Trabalhar todos os dias ... em qualquer parte do mundo.

Deseja deixar uma mensagem aos fans do Football Manager e aos adeptos do Futebol Nacional?
Queria, acima de tudo, agradecer a dedicação de todos os Treinadores FM – que, ano após ano, são a verdadeira razão para todos nós (incluindo aqueles que, livre e gratuitamente, colaboram mais de perto com a Pesquisa Portuguesa em http://www.fmportugal.net/ – bem hajam!!) acreditarmos que o FM é muito mais que um jogo!
Quanto aos adeptos do Futebol Nacional – que aproveitem o melhor que o Futebol nos dá ...

Com um abraço especial para os leitores do www.futebolices.blogspot.com,

José Guilherme Chieira
jose.chieira@fmportugal.net


Fica concluída assim a entrevista a José Guilherme Chieira, um Homem do Futebol, com ideias concretas, opiniões firmes e sem dúvida uma personalidade simpática e curiosa.
A ele o meu muito obrigado por esta entrevista, e ao leitor espero que as perguntas tenham sido as mais pertinentes possíveis e que a entrevista no seu todo seja o mais interessante possível.



Assim me despeço
Nelson Oliveira

12 abril 2006

Entrevista com José Guilherme Chieira




Olá!

Tenho uma enorme honra em inaugurar um novo espaço neste blog, que julgo contribuir de forma inequívoca para a, cada vez mais, comprovada credibilidade do mesmo.
Trata-se de um espaço onde iremos entrevistar personalidades do nosso Futebol, tentando compreender um pouco melhor todo o fenómeno deste desporto em Portugal.
Julgo sinceramente tratar-se de um passo decisivo para a afirmação nacional deste blog.


A primeira entrevista ficou reservada para alguém muito conhecido por uns, um pouco menos conhecido por outros, mas acima de tudo com um trajecto assinalável no Futebol Português.
Falo-vos de José Guilherme Chieira, conhecido por ser o responsável por todo o campeonato Português do famoso jogo Football Manager, mas conhecido no mundo do futebol também por ter desempenhado importantes cargos em clubes de referência nacional, que mais tarde citaremos.
José, tem 32 anos e quando questionado sobre o local onde reside, respondeu “curiosamente” da seguinte forma: “Entre Lisboa, Coimbra… e onde for necessário!”.


Nota: Para que o entusiasmo do leitor seja maior, decidi por bem, dividir a entrevista em duas partes, que serão apresentadas em dias consecutivos.
Desta forma o leitor, terá a hipótese de ler cada uma das partes de forma atenta e sem considerar as mesmas algo “maçudas”.



Apresentações feitas e explicações dadas, dou início à entrevista.


Olá José Chieira!
Antes de mais agradeço-lhe ter aceite o nosso convite para esta entrevista.


Bom José, em primeiro lugar temos que começar pelo Football Manager.

O José é visto como o “Pai” do agora Football Manager. Sente orgulho nessa designação? Sente que a comunidade do jogo o vê como uma referência?
Sinceramente isso nunca me passou pela cabeça... felizmente tenho a sorte de poder integrar uma equipa fantástica e fazer algo de que gosto. Se o trabalho é reconhecido por alguns, tanto melhor.

O Football Manager é talvez o jogo mais mediático de sempre. Considera que o êxito do jogo e a forma como este o fez ficar conhecido a si, o ajudou a subir no mundo do futebol? Ou pelo menos a cimentar a sua posição?
Não diria que foi o mediatismo do jogo, que é evidente, mas talvez mais o trabalho que ele me permitiu desenvolver – principalmente o que é conduzido no terreno, mais completo do que a maioria dos clubes (principalmente portugueses) faz, em campos relvados, pelados e sintéticos de norte a sul, de manha, à tarde e á noite, faça chuva, sol ou trovoada!
O trabalho que o jogo implica também permitiu que desenvolvesse um know-how específico em termos de sensibilidade perante todos os factores que giram dentro e fora da indústria do futebol – e o resto tem a ver com aproveitar as oportunidades que temos e mostrar competência nas tarefas.
Eu não fui jogador profissional (apesar de ter jogado em selecções universitárias), aliás tal como José Mourinho ou Arséne Wenger nunca o foram – e por isso conseguir uma maior ou menor afirmação nesta indústria pode ter sido mais complicado do que para outros (para não falar do factor desconfiança que implica), porque ‘subir no mundo do futebol’ não é um processo inocente nem semelhante ao de outras indústrias, e acreditem que o facto de ser mais ou menos mediático não influencia (quase) nada num mundo que vive de resultados imediatos e com uma margem de erro mínima.


Sei que o José para além do projecto Football Manager foi até à bem pouco tempo uma figura activa no Futebol. Pode-nos contar resumidamente a carreira do José Chieira no Futebol?
Iniciei-me como ‘Head Researcher’ das ‘Pessoas que faziam o Championship Manager’ em 1995 (na altura ainda nem sonhavam com a Sports Interactive), que mantenho até ao momento (sou o Head Researcher mais antigo em funções, incluindo o colega inglês) – com variadas funções, incluindo a de pesquisa de todos os dados do futebol português, seja a prospecção de jogadores, até à informação sobre treinadores, clubes, regras, competições etc etc etc.
Em 1998 tive o prazer de ser escolhido pela Reebok para ser o gestor de futebol da marca em Portugal, que acabava de fechar o seu primeiro grande contrato de patrocínio técnico com o Sporting C.P., mas que tive que abandonar para concluir o meu curso (Economia).
Depois tive a oportunidade de colaborar de perto também com o Sporting C.P. – mas desta vez na área da prospecção juvenil, onde pude aprender muito com a melhor e maior escola desta área na altura em Portugal.
Estive depois ligado 2 épocas ao Vitória de Setúbal, já no Gabinete de Prospecção liderado pelo Joaquim Rebelo no âmbito do Departamento de Futebol Profissional – onde posso dizer que desenvolvemos um trabalho muito valioso o qual, ainda hoje, dá frutos.
Fui depois chamado pela Académica de Coimbra para criar e liderar o Gabinete de Prospecção, com um âmbito muito alargado e transversal, onde me mantive durante quase 3 épocas e durante as quais tive a oportunidade de trazer jogadores como Fábio Felício, Zé António, Marcel, Felipe Teixeira e outros (das escolas aos seniores) que estou certo que darão ainda mais frutos (desportivos e financeiros) ao clube.
Da Académica saí para exercer, nesta altura, funções de director executivo em duas empresas de futebol – uma delas de um Agente FIFA de jogadores, e outra também com licenças oficiais UEFA e FIFA de organização de jogos, torneios, estágios etc.


A pesquisa exaustiva que faz para melhorar a base de dados do jogo, ajudam-no de forma indirecta nos cargos que ocupa no Futebol? De que forma?
Claro que sim - porque sou ’obrigado’ a estar sempre muito atento a tudo o que se passa e, até, a desenvolver uma percepção apurada de factores como por exemplo o conhecimento dos mercados e dos seus profissionais (jogadores, treinadores e até presidentes).


Como ex Director de Prospecção, não considera que ao atribuir notas a jogadores num jogo de computador, em que a sua base de dados é utilizada cada vez mais por treinadores e dirigentes, não estaria a expor um pouco do seu trabalho? Ou sempre teve a preocupação de não o fazer?

Os objectivos deste trabalho concreto de prospeção e avaliação que desenvolvo para a Sports Interactive mantêm-se intactos desde o primeiro dia – e como um deles é o de ser (e manter-se) líder mundial em termos de informações de futebol, entendo que não há que ter problemas desse tipo; antes pelo contrário, o trabalho desta fantástica Equipa de Pesquisa do FM em Portugal é ainda mais valorizado com uma sua eventual utilização pelos profissionais de futebol.

Continuando ainda no mundo do Football Manager, o José lidera uma vasta equipa de pesquisa. É como se liderasse “indirectamente” uma vasta equipa de observadores.
A minha pergunta é: O José separa a equipa de pesquisa do Football Manager de determinadas funções no mundo real do Futebol, ou tem casos, em que convidou elementos da equipa de pesquisa para trabalharem para si no Futebol?
Nunca convidei ninguém para tal – mas é evidente que as informações e as relações que se geram a partir do FM são úteis para qualquer trabalho em futebol!

De forma objectiva, ser o HeadResearcher Português enriquece o seu trabalho no Futebol? Tira partido disso?
Enriquece e muito – o tirar partido tem a ver com a sorte de se poder fazer aquilo que se gosta e, ainda por cima, ir recolhendo experiências e vivências que nos são úteis no nosso trajecto profissional e, também, pessoal.

José, sugiro agora que falemos um pouquinho do Futebol de Formação, algo que me parece vital no futuro do Futebol Nacional.


Qual a sua opinião sobre o Futebol de formação Português, em termos de aposta no mesmo e seu aproveitamento no Futebol de alto rendimento?
Eu creio que devemos fazer uma separação clara entre a fase pré-Carlos Queiroz e a fase pós-Carlos Queiroz – o prof. Carlos Queiroz fez um trabalho fantástico de organização, responsabilização e rentabilização do futebol jovem em Portugal, no âmbito do seu trabalho na F.P.F.
É evidente que as gerações jovens nacionais desde finais da década de 80, fruto deste trabalho, transformaram a mentalidade do futebol português – que percebeu que o talento inato dos seus jogadores, quando devidamente potencializado, pode ser muitíssimo rentável (principalmente em termos financeiros).
O factor financeiro também foi preponderante, pois o estrangulamento crescente das finanças dos clubes obrigou-os a virarem-se mais ‘para dentro’.
Como factores contra, temos a própria lógica de funcionamento do mercado, com jogadores de alguns campeonatos a serem bastante mais baratos (apesar de eu não gostar de confundir custo directo com custo efectivo /relação custo-rendimento) – e a Lei Bosman, que abriu ainda mais os mercados e também condiciona o espaço de afirmação dos jovens nacionais.
Em resumo, cada clube segue hoje uma lógica muito própria, que também tem a ver com as suas próprias condições estruturais (físicas e humana) mas que está relacionada acima de tudo com a sua política directiva – mas, do muito que vou conhecendo, não tenho dúvidas de que os clubes nacionais têm dificuldade em olhar para a formação com a ‘tranquilidade’/seriedade que esta merece, pois as limitações financeiras acabam por, quase sempre, levar o dirigente a ter tendência para investir (gastar) no futebol sénior, para o qual olha como factor mobilizador de toda a dinâmica do clube.
E este desinvestimento acaba por se reflectir na insuficência generalizada de condições físicas/logísticas e na capacidade de atracção de recursos humanos qualificados - e é este ciclo que está a levar ao desaproveitamento/desinvestimento na formação em Portugal.


O José considera que o futebol de formação nacional e as características específicas do “jogador Português” são superiores á maioria dos nossos vizinhos Europeus, ou muito pelo contrário, somos ainda amadores em termos de formação e trabalha-se mal?
Penso que não devemos confundir talento com formação: existe um talento inato em Portugal muito acima da média em relação a outros países que (também por isso) investem mais e melhor na formação – e a verdade é que, neste momento e de uma forma geral (existem em todos os países determinadas gerações de excepção), as selecções jovens portuguesas têm cada vez mais dificuldades para se imporem em competições internacionais. E observem também o tipo de jogador jovem português que é, hoje em dia, ‘exportado’ para ligas mais poderosas: é normalmente reconhecido mais pelo seu talento do que pela sua eficácia e competência em termos de jogador ‘feito’.
E se dissermos, por exemplo, que todos os clubes que disputam as ligas profissionais em França são obrigados a ter centros de formação para atletas até aos 20 anos, com requisitos elevados em termos de condições físicas e humanas, há já largos anos – e que em Portugal, nesta altura, existem não mais que uma mão cheia deles...
Por isso penso que não se deve falar em trabalhar mal ... mas sim numa incapacidade colectiva nacional para perceber o que é importante nesta indústria para a sua rentabilização, para não dizer sobrevivência – porque a formação é, tal como o nome indica, o acto de formar, educar, ensinar...


O jogo Football Manager é sem dúvida uma referência em relação a jovens craques. Várias pessoas me confessaram, que ficaram a conhecer uma jovem estrela por intermédio do jogo.
Temos no nosso Futebol, uma jovem estrela pronta a “explodir” para o Mundo do Futebol e até de forma indirecta no Football Manager?
Eu preferia deixar essas ‘descobertas’ para o vosso ‘trabalho’ de Treinadores FM!!


Para terminar este tema, podia-nos citar 3 ou 4 nomes, que para si serão, actualmente, as 3 ou 4 maiores promessas do futebol juvenil Nacional?
Promessas são sempre apenas ‘promessas’ ... mas penso que, com menos de 17 anos, jogadores como Adrien Silva (Sporting, sub-17), Bruno Simões (Sporting, sub-16) e Fábio Ferreira (Chelsea, sub-17) são realmente especiais.


Bom, a 1ª parte desta excelente entrevista fica por aqui.
Abordamos o trajecto do nosso entrevistado, o jogo Football Manager e o futebol de formação em Portugal.

Amanha, na 2ª parte da entrevista, abordaremos o Futebol Profissional entre outros temas. Esperem para ver….

Cumprimentos
Nelson Oliveira

VIII Torneio Internacional de futebol jovem em VN Gaia

Vila Nova de Gaia é um conselho sempre em movimento e com uma particular aposta no desporto jovem.
Não é de estranhar as inúmeras iniciativas com a chancela Gaianima, para promover o desporto e o lazer entre centenas de miúdos.

É neste contexto, que no próximo fim de semana Pascal se vai realizar o VIII Torneio Internacional de Futebol em Iniciados.

Será, sem dúvida, um torneio muito interessante e sobretudo com muito colorido nas bancadas.
Os jogos irão realizar-se nos Complexos Desportivos de Mergunhos (Arcozelo) e Parque Silva Matos (Coimbrões), entre as 9 30 da manha e as 17 30 da tarde.

E como se processa o torneio?
Bom, estarão presentes 8 equipas que serão divididas em dois grupos. O vencedor de cada grupo jogará a final no domingo por volta das 16 30.

Equipas presentes:

Grupo A
Boavista
FC Porto
Escuela Santander
Valladolid

Grupo B
Sporting
Académica
Selecção de Gaia
Deportivo Corunha


Calendário do Torneio:

14 de Abril

Complexo Desportivo de Mergunhos

09h30
Real Valladolid / Boavista F.C
10h30
Escuela de Santander/ Futebol Clube do Porto
11h30
Boavista F.C / Escuela de Santander
15h00
Académica de Coimbra/ Selecção de Gaia
16h00
Académica de Coimbra/ Deportivo La Coruña
17h00
Sporting C.P/ Selecção de Gaia


Parque Silva Matos

09h30
Selecção de Gaia/ Deportivo La Coruña
10h30
Sporting C.P/ Académica de Coimbra
11h30
Deportivo La Coruna/ Sporting C.P
15h00
F.C.Porto/ Real Valladolid
16h00
F.C.Porto/ Boavista F.C
17h00
Escuela Santander/ Real Valladolid


15 de Abril

Complexo Desportivo de Mergunhos

09h30
4º Série A/ 4º Série B(Apuramento 7º e 8º lugar)
10h30
3º Série A/ 3º Série B(Apuramento 5º e 6º lugar)

Parque Silva Matos

15h00
2º Série A/ 2º Série B (Apuramento 3º e 4ºlugar)
16h30 1º Série A/ 1º Série B(Apuramento 1º e 2º lugar)


Desde já, como Gaiense, como adepto do Futebol de formação e como personalidade ligada ao mesmo, espero a vossa presença e o vosso apoio a todos estes miúdos que têm como sonho serem jogadores profissionais de Futebol.

11 abril 2006

Penso eu de que! (semana 6)





Esta semana fomos brindados com o designado “jogo do título”.
Mas, não foi só em Alvalade que assistimos a muita emoção, pois a luta pela despromoção aperta e vários duelos importantes foram disputados.

De qualquer das formas, na minha análise á semana futebolística vou manter a estrutura da semana anterior, falando mais em aspectos que me parecem relevantes e menos em resultados.


Começo pelos pontos negativos:

Quaresma
Quaresma é um jogador que particularmente aprecio. A sua qualidade técnica, a fantasia, a velocidade, fazem dele um dos jogadores mais difíceis de parar no 1 contra 1, em toda a Europa.
Ora, Quaresma era apontado como um dos “jokers” que poderiam decidir o clássico de sábado, e os adeptos Portistas depositavam parte da sua esperança num lance “mágico” do Harry Potter portugues.
Para além de tudo isto, salienta-se o facto de Quaresma estar num “sprint” final para ser ou não convocado para o Mundial, e que melhor jogo haveria para demonstrar a sua qualidade e suas potencialidades?

Pois é, mas Quaresma não correspondeu ás expectativas.
Quaresma cedeu á pressão de um jogo do título e apesar de estar a jogar relativamente bem, entrou nervoso e violento.
Ainda na 1ª parte viu um cartão amarelo por uma entrada dura e com o objectivo de acertar no adversário, atitude perfeitamente evitável e que o condicionou para o resto do jogo. No entanto, o jovem portista não se ficou por aqui. Na 2ª parte num lance aparentemente inofensivo, agrediu de forma irracional um adversário.
O arbitro não descortinou o lance e não marcou falta ou exibiu qualquer tipo de cartão, mas pensem se o tivesse feito…
Quaresma prejudicaria a equipa, num momento crucial e num jogo verdadeiramente importante para as aspirações do Porto ao título.
Como se não bastasse toda a irracionalidade dos gestos de Quaresma durante o jogo, amuou com o “castigo” que lhe foi aplicado, ou seja a substituição, e em palavras nem sempre perceptíveis insultou o treinador e nem o cumprimento de colegas e staff aceitou.
Atitudes nada dignas de um “génio da bola”, e num momento em que tudo está em jogo… campeonato e convocatória para o Mundial.
A ver vamos, se o “duro” Adriaanse se vai ficar pelo castigo de Alvalade…


Como 2º aspecto negativo, um assunto algo “cruel”.
É verdade que o Sporting efectuou uma recuperação notável. É não menos verdade que Paulo Bento e os jovens jogadores leoninos têm apresentado um trabalho notável quer a nível mental quer a nível de modelo de jogo.
O Sporting em poucos meses ergueu-se das cinzas, e acaba a disputar o título.

No entanto, analisando friamente os factos.. mais 1 vez o Sporting está numa “época do quase”.
Quase se apurou para a final da taça e quase foi campeão (embora ainda não seja um dado adquirido).
A época passada viveu exactamente a mesma situação, e a minha pergunta é: será acaso? Azar?
A sorte e o azar são cada vez menos, variáveis explicativas do rumo dos acontecimentos no Futebol. Pode-se ter sorte ou azar num jogo, mas num campeonato onde se exige regularidade, a sorte e o azar não explicam as conquistas ou os desaires.
Muito se pode especular acerca dos motivos que levam o Sporting a falhar nos momentos decisivos: juventude do plantel, nervosismo, falta de estofo para este tipo de pressão, etc. O que é certo é que falharam, e não me parece que isso tenha acontecido derivado da falta de sorte.

São já 4 épocas sem ganhar qualquer título, começa a ser alarmante.


Pontos Positivos:

O futebol Português usa e abusa da falta de fairplay e da agressividade. E atenção que não me refiro apenas a actos físicos.
Se é certo e sabido que os jogadores Portugueses são duros e pouco disciplinados, a violência verbal de treinadores e dirigentes é não menos nociva para o campeonato.
Como exemplo prático temos a forma dura e desleal como se disputou o Sporting - Porto dentro do relvado e a forma como Nelo Vingada (um dos maiores exemplos de simpatia, respeito e fair-play do Futebol Portugues) se dirigiu ao arbitro, com gestos agressivos e pouco respeitosos.
Independentemente do que se terá passado, nada explica todos estes actos que são uma constante nos jogos cá em Portugal.
E estarão vocês a pensar, o que terá isto tudo de positivo?

Numa altura em que o desrespeito está “enraizado” no nosso futebol e onde dirigentes, treinadores e jogadores.. acabam todos por seguir a mesma linha, parecendo existir um pacto entre eles, é de salutar quem diz basta!
Adriaanse, um Homem rotulado de disciplinador e insensível, mostrou no sábado uma filosofia diferente.
Depois de constatar a violência com que Quaresma estava a discutir os lances, decidiu retirar o jovem do campo, em parte para evitar a sua expulsão mas sobretudo como forma de “castigar” o jogador pelo comportamento anti-desportivo que foi tendo.
Adriaanse não terá pensado sequer nas consequências da substituição no caso do Porto perder, mas é nestas alturas que se vê a coragem dos grandes Homens.
Não pactuou com a agressividade e desrespeito e num sinal de ainda maior castigo nem cumprimentou o seu atleta, passando a mensagem que aquele tipo de comportamento não era aceite no clube!
Foi uma grande prova de ética e profissionalismo deste treinador.

E como se não bastasse, após a injusta expulsão de Bosingwa não se deixou levar pelas emoções, pedindo ao jogador expulso para acatar a decisão do árbitro e sair do campo.

Ao Adriaanse tiro o meu chapéu. Subiu muitos pontos na minha consideração.



2º ponto positivo vai para Paulo Bento.
Mais importante que um jogo quezilento e fechado, foram as palavras do treinador do Sporting que numa prova de seriedade e fair play, admitiu a superioridade Portista e a não interferência do arbitro no resultado do jogo.
Assistimos a um futebol onde constantemente se "sacode a agua do capote". Futebol esse, onde se explicam derrotas com um lançar de suspeitas e críticas a tudo e mais alguma coisa.
Termos um Homem capaz de admitir a superioridade do adversário não deveria ser algo para destaque, mas infelizmente em Portugal é um grande destaque, face á raridade deste tipo de nobres actos.
Paulo Bento "marca pontos" dentro e fora do relvado. É um fantástico profissional.

Por fim, temos um terceiro aspecto positivo: o Benfica na Champions League
Numa análise fria, todos concordamos que o Benfica partiu para esta época desportiva com um plantel desequilibrado e com carências em vários níveis. Penso que todo este desequilíbrio só não foi mais discutido e visível face ao facto do Benfica ostentar o símbolo de campeão nacional.
Como prova de todo este desequilíbrio, temos o campeonato muito irregular dos encarnados.

Nada faria prever uma Champions League de grande nível.
No entanto, isso aconteceu!
Na Champions o Benfica adoptou uma postura diferente. Koeman conhecedor das limitações do plantel encarnado, respeitou os adversários e adoptou uma postura defensiva e pragmática como forma de alcançar o sucesso.
Muito se especulou acerca da forma como o Benfica se apresentou em Lille, mas a verdade é que ponto a ponto o Benfica conseguiu passar o grupo, deixando para trás o Manchester United, um colosso europeu.

Seguiu-se os jogos a eliminar, e mais uma vez o Benfica surpreendeu pelo realismo e pela forma como abordou o jogo, pois nunca se deixou atacar pela arrogância que por vezes está na causa das derrotas, admitindo as suas fraquezas e a sua inferioridade para a partir daí reunir forças para com as poucas soluções de qualidade disponíveis se bater de forma “corajosa” com o ainda campeão europeu Liverpool.
É certo que a “estrelinha” esteve com os encarnados da Luz, mas a verdade é que bateram o pé ao “papa taças” Benitez, saindo de Anfield Road com uma vitória surpreendente.

Seguiram-se os quartos de final, e quis a sorte ditar que o adversário seria o todo poderoso Barcelona.
Neste duelo, a superioridade do Barcelona foi muito, muito evidente, e o Benfica conseguiu apenas ir evitando o inevitável.
A qualidade individual e até colectiva do Barcelona acabou por fazer a diferença.
De qualquer das formas o Benfica caiu de pé, e acabou por surpreender o mundo futebolístico com uma campanha não história, como se foi apregoando, mas sim com uma campanha de realismo e de grande qualidade.

Síntese da semana

Em Portugal o campeonato está praticamente definido, e depois da tempestade veio a bonança para Adriaanse.
Mas apesar do campeão estar praticamente definido, a emoção continua a pairar no campeonato português pois várias equipas estão inseridas na luta para evitar a despromoção, e por outro lado, Nacional e Boavista travam uma acesa luta pelo lugar de acesso ás competições Europeias.

La por fora tudo na mesma. Maniche deu uma péssima imagem de si ao ser expulso aos 16 minutos de jogo após uma agressão a um adversário, mas o Chelsea mesmo em desvantagem no marcador e a jogar com 10, efectuou um jogo tremendo virando o resultado para uns esclarecedores 4-1.
Que grande prova de personalidade e de qualidade, da equipa de José Mourinho!
Até para a semana!

09 abril 2006

Análise táctica ao Sporting versus Porto




Olá!
Ontem tivemos o jogo do título.
Ao FC Porto uma vitória selava um campeonato, ao Sporting CP um empate adiava a decisão e uma vitória poderia ser o início de uma época mágica, pois recuperar da forma como o fizeram e acabarem campeões, seria realmente mágico.

Mais 1 vez fui ouvindo que se esperava muitos golos e muito ataque. Mais 1 vez discordei.
O Sporting teria que jogar para ganhar, sem arriscar demasiado porque uma derrota afastaria o clube do leão do campeonato, por outro lado, o FC Porto poderia actuar de forma cautelosa e “matreira” pois até o empate servia.
Foi um duelo táctico interessantíssimo, e ao contrário do jogo da taça, tivemos um vencedor nos bancos.
Analisemos tacticamente o jogo.

As equipas actuaram nos seguintes esquemas tácticos:


Sporting CP

Paulo Bento, como vem sendo hábito não apostou em nenhuma surpresa. O mesmo esquema, a mesma dinâmica e estranhamente a mesma filosofia.
Talvez acreditando no erro do Porto, o Sporting jogou pragmático e á procura do erro adversário, num jogo em que teria e deveria assumir as “despesas” do jogo, e não o fez.
Assim, uma defesa de 4, com Abel a titular (ao contrário do que se verificou no duelo entre estas 2 equipas na taça), depois Custodio como pivot defensivo, Carlos Martins, Moutinho e Sá Pinto no meio campo, jogando o capitão do Sporting como centro campista mais declaradamente ofensivo, e na frente os “sempre mexidos” Liedson e Deivid.

Paulo Bento apostou num 4-4-2 em losango, muito pragmático e a “jogar no erro adversário”.

FC Porto

Adriaanse, como era esperado, abdicou ,mais uma vez, (no derby entre estas 2 equipas…) do 3-3-4, reforçando o meio campo com mais uma unidade.
Assim, sem surpresas uma defesa composta por 3, P Assuncao como pivot, Lucho e Raul Meireles como médios interiores e Jorginho como vértice ofensivo. Na frente, Quaresma á esquerda, Benni como ponta de lança declarado e Lisandro mais á direita.
Um onze realista mas ofensivo.

Adriaanse apostou num 3-4-3, de ataque..mas sempre com marcações zonais muito fortes no meio campo.

Dinâmicas e encaixes tácticos:

No duelo defesa portista versus ataque leonino, ao contrário do confronto na taça, Adriaanse jogou com Pepe mais ao centro e P Emanuel mais á esquerda, o que provocou mais agressividade no centro da defesa e menos oportunidades para os avançados leoninos receberem a bola.
Deivid e Liedson, actuaram muito móveis com constantes movimentações para as alas..para assim fugirem ás marcações.
No entanto, o Porto respondeu com os habituais 3 defesas (Bosingwa, Pepe, e P Emanuel), jogadores esses, que actuaram numa defesa á zona e sempre na tentativa de antecipação.

No centro do terreno, mais uma vez se notou um encaixe tal, que ambos os meios campos se foram anulando constantemente.
O Sporting actuou com Custódio a policiar o vértice ofensivo do Porto Jorginho, Carlos Martins como interior esquerdo sem grandes hipóteses no duelo com o interior direito Portista Lucho, que conseguiu muitíssimas recuperações de bola.
Do lado oposto J Moutinho e R Meireles anularam-se e poucas vezes apareceram no jogo.
Por fim, Sá Pinto como jogador mais adiantado do meio campo, foi “vagueando” sempre na tentativa de aparecer nas costas dos pontas de lança ou até em movimentações pelo meio, aproveitando o arrastamento dos defesas portistas pelos avançados leoninos, no entanto P Assunção ,o pivot do Porto, concedeu-lhe poucos espaços. A expulsão de Sá Pinto facilitou a tarefa a Assunção.

Por fim, no duelo defensiva leonina, ataque Portista, Adriaanse fez actuar Quaresma pela esquerda. Abel foi um lateral atento mas nem sempre eficaz a travar a “magia” do cigano.
No centro da defesa Tonel e Polga estiveram impecáveis a marcar Benni. Do lado direito apareceu Lisandro, muito devido á capacidade de luta e devido também á facilidade com que o Argentino fecha o meio campo…quando necessário. No entanto, “Licha” não teve um jogo feliz e foi facilmente anulado por Caneira, no que toca a jogo ofensivo.
De notar ainda, que na 2ª parte Adriaanse para confundir as marcações leoninas fez aparecer Lisandro mais no centro, quase a “invocar” o 3-3-4, com Jorginho mais á direita, mas foi apenas por breves minutos.

Guerra dos bancos:

Com o jogo equilibrado, P Bento foi o primeiro a mexer tirando o amarelado (e em risco de expulsão) Carlos Martins, apostando na velocidade e virtuosismo de Nani. O esquema manteve-se. No entanto, a faixa esquerda ganhou outra dinâmica e profundidade que não foi ainda mais notória devido á expulsão de Sá Pinto, poucos momentos depois.
Aos 70m o apagado Deivid deu lugar a Douala. Esta substituição procurava maior velocidade ofensiva e sobretudo aproveitar a expulsão de Bosingwa e a menor velocidade de R Costa (que entrou para o seu lugar).
Por fim e já em desespero de causa, o Sporting, necessitado de vencer, coloca Koke no lugar de Abel tentando actuar apenas com 3 defesas, fazendo actuar Custódio um pouco á imagem de P Assunção, ou seja, um trinco com missões de central quando o Porto aparecia na frente de ataque, substituição essa que acabou por ser fatal.

Do lado do Porto, Adriaanse percebeu o nervosismo de Quaresma (o melhor do Porto até então), patente em lances duros e maldosos, e retirou-o do campo lançando Alan exactamente para o mesmo local.
Aos 69m, Lisandro ,até então muito apagado, foi substituído por Ricardo Costa, pois era necessário colmatar o “buraco” na defensiva portista derivado da expulsão de Bosingwa. R Costa foi completar a linha de 3 defesas, passando o Porto a actuar apenas com 2 avançados.
Foi pedida maior mobilidade aos mesmos, e foi pedido a Jorginho que começasse a aparecer mais perto dos dois avançados (onde até teve uma ocasião flagrante de golo).
Por fim, o fatigado Benni saiu dando lugar a um jogador fresco, Adriano, que acabou por ter o passe de “morte” para o golo.

Conclusão:

Num jogo em que empate e vitória serviriam ao Porto, exigia-se um Sporting a assumir o jogo e a jogar mais no risco.
No entanto, foi o Porto que entrou a assumir e a jogar ao ataque, cabendo ao Sporting aos poucos..equilibrar o jogo, mas sem nunca ter arriscado o suficiente.
O pragmatismo leonino tem dado excelentes resultados, no entanto, as características deste jogo exigiam um Sporting mais mandão e autoritário.
Por outro lado, o Porto poderia jogar em contenção para o empate, mas simplesmente recusou-se a faze-lo, assumindo o jogo… sem nunca “partir” a equipa ou perder a lucidez defensiva, mostrando claramente que os jogadores tinham ordens para resolver o campeonato já em Alvalade, mas sem perder noção da realidade. De louvar…mesmo sem termos assistido a uma grande exibição, por parte dos azuis e brancos.
Salienta-se ainda a montagem de maneira inteligente do 11 portista.

Neste duelo particular de técnicos, salienta-se ainda a clara vitória de Adriaanse na guerra dos bancos.
A coragem com que abdicou de Quaresma, evitando a expulsão do cigano, e a forma como foi lendo o jogo leonino e arriscando ,passo a passo, causou uma óptima impressão deste técnico aos olhos dos adeptos portistas.

Curiosamente o jogo fica sentenciado numa “jogada de bancos”, no momento em que P Bento arrisca o tudo por tudo numa defesa de 3 (não sei se de forma inteligente, pois um empate acalentava esperança para o resto do campeonato, mas uma derrota acabava com o sonho).

O Porto aproveitou bem e a falta de rotinas de Custódio na dupla função de trinco – defesa central, acabou por ser fatal…acabando por aparecer Jorginho (cuja marcação cabia a Custodio) isolado frente a Ricardo.
O Sporting perdeu no exacto momento em que tentou utilizar um esquema semelhante ao que Adriaanse aplica no Porto.

O Holândes do porto saiu vencedor, pois esteve irrepreensível e acabou por ser a peça chave na vitória do Porto.
Ao fim de vários anos de profissão, finalmente está a um pequeno passo de vencer um título…quem diria para alguém, que chegou a ser vítima de ameaças e agressões.

O Porto é praticamente campeão!

07 abril 2006

O Mundo desespera por eles! (semana 3)




As estrelas vão nascendo a cada dia que passa…
Num pelado, relvado ou até já num grande palco, jovens talentos “perfumam” o campo e dão cor aos seus sonhos.
Cada vez mais, os grandes clubes montam autênticas redes mundiais de prospecção de talento, pois esta busca pode significar uma futura estrela nas fileiras do clube.

Como já vem sendo hábito, hoje falo-vos de mais alguns nomes:


Nome: Ismail Aissati
Nacionalidade: Marroquina
Idade: 18
Clube: PSV

Aissati nasceu em Utrecht na Holanda, no entanto, os seus pais são de origem marroquina, e embora tenha sido convidado para vestir a camisola laranja, este decidiu manter-se fiel ás suas raízes, actuando actualmente por Marrocos.
Esta marroquino destaca-se claramente dos restantes companheiros, pois denota uma maturidade e visão, pouco vulgares para alguém de tão tenra idade.
Actua como médio criativo, aliando qualidade técnica, a esforço e trabalho.
Toda esta mistura de características e toda esta qualidade patenteada por este jovem jogador, levaram a que o mesmo se “sagrasse” o mais jovem jogador Marroquino a actuar na Champions League.
Ainda não é uma presença assídua na equipa titular do PSV, no entanto, trata-se apenas da gestão de um jovem talento, que um dia irá dar ,certamente, que falar.


Nome: Oleksandr Aliiev
Nacionalidade: Ucraniana
Idade: 21
Clube: Dínamo Kiev

Alieev chamou a minha atenção e a atenção do mundo futebolístico, no Mundial de sub 20, onde conjugou prestações de grande nível a vários golos. É mais 1 produto da “cantera” de Kiev.
No Mundial sub 20, foi a referência ofensiva da equipa, actuando como 2º avançado, no entanto em Kiev, é utilizado também como extremo.
A sua personalidade e combatividade são o exemplo máximo da sua forma de actuar em campo, mas uma característica o fez “sobressair” dos restantes, característica essa que já lhe valeu comparações com D. Beckham : os livres. Este jovem ucraniano tem a capacidade de bater em força e colocado, e de qualquer zona do terreno. O grau de eficácia é tremendo para um jogador tão jovem.
Em tempos, falou-se na possibilidade do SL Benfica o contratar, mas para já parecem ter sido apenas rumores.


Nome: Ben Arfa
Nacionalidade: Francesa
Idade: 19
Clube:Lyon
Feitos Assinaláveis: Campeão Europeu sub 17 e melhor marcador do mesmo evento.

Ben Arfa é um produto de uma profícua cantera, a escola de ClaireFontaine.
O francês depois de um interessante trajecto pelas várias camadas do seu clube e da selecção francesa, explodiu pela França Sub 17, sagrando-se campeão Europeu e melhor marcador do evento.
Embora frequentemente comparado a Zidane, Ben Arfa é, no entanto, um jogador bem diferente do craque do Real Madrid.
É extremamente veloz, “eléctrico”, muito forte no um contra um, onde utiliza a magia dos seus pés, mas falta-lhe alguma da elegância de Zizou. Aliada a essa velocidade e qualidade técnica, denota também ele, muita visão de jogo e um bom sentido colectivo…não sendo no entanto, um “trabalhador” por natureza.
Em termos posicionais, actua preferencialmente pela esquerda, mas pode actuar também como criativo ou até como avançado.
Ainda não é titular indiscutível do Lyon, mas já vai actuando pelo fortíssimo conjunto gaulês.

Nome: Giovanni dos Santos
Nacionalidade: Mexicana
Idade: 17
Clube: FC Barcelona
Feitos Assinaláveis: Campeão do Mundo de sub 17

Giovanni é o nome de quem se fala.
Depois da explosão de Messi no plantel principal catalão, surge agora a esperança de um segundo prodígio aparecer…Giovanni.
Este jovem prodígio, mistura a “ginga” brasileira, que lhes está nos genes (o seu pai é um ex jogador brasileiro), e a garra mexicana.
Em Maio do ano passado encantou o Mundo inteiro com prestações de enorme qualidade, no Mundial do Peru onde se veio a sagrar campeão do Mundo. Muitos esperavam que Giovanni fosse considerado ,pela organização, o melhor jogador do evento, no entanto, acabou em 2º atrás do prodigioso Anderson (Brasil e FC Porto).
O mexicano actua como número 10, posição onde exibe toda a sua qualidade ofensiva, recursos técnicos e qualidade de remate.
Em Espanha, comparam-no a Ronaldinho, pois actuam no mesmo clube e têm algumas semelhanças físicas, no entanto, são jogadores um pouco diferentes.
Actualmente actua no Barcelona B, esperando ser a próxima aposta de Rijkaard no plantel sénior. A forma como apareceu na equipa catalã de sub 17 criou uma grande expectativa sobre este miúdo, e daí se explica a sua passagem pouco tempo depois para a equipa B, onde denota cada vez mais…uma potencia física assinalável, o que lhe permite arranques imparáveis.
Atenção a este miúdo, pois vale ouro!!
Eis o seu posicionamento táctico destas jovens promessas:

06 abril 2006

Análise Táctica ao Barcelona versus Benfica




Depois da emoção do Benfica versus Barcelona, a nação Benfiquista palpitava, e esperava por uma surpresa em Camp Nou.

Ao contrário do que li por aí, não se esperava um jogo aberto e de ataque “vincado” do Barcelona, mas sim um jogo calculista, com o Barça a assumir o jogo mas sem correr demasiados riscos, pois um golo do Benfica poderia ser fatal.
Na 1ª mão, apesar da sorte ter sorrido á equipa encarnada, fiquei com a sensação que Koeman montou bem a equipa, procurando não sofrer qualquer golo em casa para num contra ataque causar a surpresa. O resultado foi de 0-0, com pleno domínio catalão mas com um Benfica “venenoso” na 2ª parte.
Assim, como “amante” de Futebol ansiava por este 2º duelo táctico, que á partida me parecia mais complexo e “calculista”.


No Barcelona versus Benfica da 2ª mão as equipas actuaram nos seguintes dispositivos: tácticos:













FC Barcelona

Rijkaard não apresentou nenhuma surpresa no onze nem tão pouco no sistema adoptado.
Uma defesa composta por 4 elementos, com Oleguer na posição do lesionado Marquez. Iniesta aparecendo como pivot á frente da defensiva. E mais á frente Van Bommel e Deco com funções distintas mas a completar o triângulo do meio campo.
Mais á frente Larsson pela direita tentando explorar as diagonais para o meio e o frágil jogo aéreo de Leo (seu marcador directo), Ronaldinho pela esquerda com liberdade para aparecer mais ao centro ou para as suas famosas diagonais. E na frente, Eto´o.

Um 4-3-3 com muita mobilidade e sobretudo muita fantasia.

SL Benfica

Do lado do Benfica, esperavam-se alterações de Koeman em relação á 1ª mão e as dúvidas sobre o onze e o sistema a adoptar eram enormes.
Na defesa nada a registar. Mais 1 vez uma linha de 4 com Ricardo Rocha a ocupar-se da marcação “individual” a Ronaldinho. No meio campo o habitual esquema de 3 centrocampistas, que marca a postura de Koeman na Champions, deu lugar a um esquema com 4. Petit apareceu como o pivot defensivo muito perto dos centrais, Beto apareceu como médio de cobertura e com tarefas claramente defensivas. E depois duas surpresas: Manuel Fernandes apareceu mais á esquerda do que o habitual e como vértice deste meio campo ofensivo apareceu Simão. Na frente Geovanni e Miccoli.

Um 4-4-2 de contenção, procurando a velocidade e o contra-ataque.

Dinâmicas e encaixes tácticos:

Se é verdade que se esperava um Barcelona ofensivo, não é menos verdade que os catalães mostraram respeito pelo adversário e sobretudo cautelas devido ao resultado averbado na 1ª mão.
Sendo assim, ambos os laterais não foram tão acutilantes ofensivamente como se poderia esperar, muito também por força das marcações encarnadas.
Koeman prevendo os “raids” dos laterais catalães encostou Geovanni mais á direita, de forma a que Gio não pudesse subir tanto, e pediu atenções especiais a Manuel Fernandes para fechar o lado esquerdo do meio campo encarnado, reduzindo a possibilidade de penetração de Belletti.
Neste duelo defesa-ataque, o Benfica apostou, como já foi dito, num Geovanni mais encostado á faixa direita procurando fugir á marcação dos centrais “Culé” e ao mesmo tempo espreitando a possibilidade de diagonais para o meio.
Já Miccoli, apareceu mais solto actuando mais junto aos centrais, mas sempre com mobilidade para conseguir uma nesga de espaço num possível contra ataque.

No meio campo, o duelo foi mais intenso e “calculista”.
Rijkaard pediu mais cautelas defensivas a Iniesta (na 1ª mão Iniesta foi bastante ofensivo), pois Simão apareceu mais ao centro e era necessário policiar o talento do português. Deco apareceu um pouco mais á esquerda procurando os entendimentos com Ronaldinho e procurando acima de tudo pautar todo o jogo Barcelonista, mas sempre com algumas cautelas defensivas. Koeman respondeu com Beto, para policiar Deco não lhe concedendo espaços (um pouco á imagem da 1ª mão), tentando evitar que o português pudesse “pegar na bola”.
Van Bommel apareceu um pouco mais á direita, actuando de qualquer forma como interior, exercendo 2 funções: Travar as iniciativas do irrequieto Manuel Fernandes e ao mesmo tempo aproveitar uma menor marcação do português para aparecer..perto de Eto´o na finalização (como chegou a acontecer 1 ou 2 xs).
Manuel Fernandes que actuou no losango como interior esquerdo, procurou dinamizar o meio campo por aquele flanco, mas efectuando também movimentações para o centro, aproveitando o arrastamento de Iniesta provocado por Simão, que embora actuando numa zona ofensiva mais central, procurou invariavelmente as movimentações para a faixa esquerda de forma a se “desenhar” no processo ofensivo encarnado, uma linha de 3 elementos ofensivos, com Simão mais á esquerda, Geovanni mais á direita e Miccoli na zona central.

Por fim o duelo ataque catalão versus defesa encarnada.
Ricardo Rocha actuou como defesa direita mas com a missão “exclusiva” de marcar Ronaldinho e as possíveis diagonais do brasileiro para o meio. Esta marcação individual foi possível, pois o Barca actuou sem médios ala, e os laterais nunca foram suficientemente ofensivos para criar perigo pelas faixas.
Larsson apareceu como extremo direito, de forma a aproveitar a fragilidade no jogo aéreo do seu marcador directo - Leo, e por outro lado, de forma a aparecer em movimentações para o meio nas costas de Eto´o para finalizar.
Para finalizar, Eto´o apareceu como avançado “centro” mas com bastante mais mobilidade que no jogo da 1ª mão. Os centrais encarnados tiveram muitas dificuldades para controlar Eto´o, principalmente Anderson que nunca teve velocidade para o camarones, que foi aparecendo um pouco por todo o lado e criando desiquilibrios nas faixas (como aconteceu no lance do 1º golo).

Guerra dos bancos:

Koeman face á desvantagem e ao subrendimento de Geovanni foi o primeiro a mexer trocando o Brasileiro por Karagounis. O grego passou a jogar numa zona mais central, permitindo a Simão adiantar-se no terreno sobretudo pelo flanco esquerdo (relembro a oportunidade desperdiçada pelo Português ..que surge exactamente pela sua movimentação e adiantamento ofensivo pela esquerda).
Aos 72 minutos, Koeman volta a mexer, abdicando de Beto (também ele em subrendimento), e mexendo no sistema táctico passando a actuar num 4-3-3 mais declarado com Robert e Simão nas faixas, cabendo a Manuel Fernandes as compensações defensivas decorrentes da saída de Beto.
Por ultimo aos 82, Koeman arrisca o tudo por tudo e volta a mexer no sistema táctico. Abdica de mais 1 centrocampista (M. Fernandes) colocando mais 1 ponta de lança para jogar ao lado de Miccoli desenhando-se assim um sistema de 4-2-4…com que o Benfica viria a acabar a partida.

Do lado do Barcelona, Rijkaard percebeu ,aos 84 minutos, que o Benfica estava a arriscar o tudo por tudo, então para estancar a zona defensiva e eliminar o perigo que poderia surgir dos 4 avançados encarnados, lançou Edmilson por troca com Van Bommel. Edmilson jogou praticamente colado aos centrais de forma a criar superioridade numérica dos defesas catalães sobre os avançados encarnados.
Por ultimo e já aos 86 minutos, Larsson ,muito cansado, é rendido pela velocidade de Giuly, procurando o técnico Holandês aproveitar o balanceamento ofensivo encarnado para surpreender num contra-ataque através da velocidade do francês (como alias acabou por conseguir).


Conclusões:

Não me parece que o jogo se tenha decidido por alguma decisão de um ou outro técnico. Decidiu-se pela clara superioridade Catalã e pela classe individual dos seus jogadores, e decidiu-se .também. devido a alguma inexperiência ainda existente dos jogadores encarnados nas provas Europeias.
No banco Koeman tentou o tudo por tudo, conseguiu ameaçar mas o golo não surgiu.
Por outro lado, Rijkaard demorou na substituição de Larsson, pois exigia-se a velocidade de Giuly em campo á mais tempo. De qualquer forma a substituição teve pleno efeito pois traduziu-se num golo.


Ambos os técnicos estiveram bem em termos tácticos, no entanto, o Benfica voltou a consentir uma “parte” de avanço ao Barcelona, como já o havia feito na 1ª mão.

Vitória justa, da melhor equipa em campo.

03 abril 2006

Penso eu de que! (semana 5)




Mais uma semana futebolística, e mais uma vez com poucas surpresas.
No plano Nacional os ditos grandes venceram e mantiveram tudo como estava.
Lá por fora o Chelsea denota uma quebra ligada ,em grande parte, a aspectos motivacionais, e necessita de uma ruptura forte, para evitar o acomodamento de certos jogadores que já se sentem campeões.
Em Espanha fomos brindados com um Barca - Real, a meio gás, com pouco por decidir e sobretudo com pouca velocidade. Lá como cá, os árbitros também falham…


Ao contrário da estrutura que tenho vindo a apresentar nesta crónica, esta semana vou abordar em mais profundidade alguns temas e menos resultados e informação mais óbvia.

Plano Nacional

Em primeiro lugar começo por abordar Adriaanse e o FC Porto.
O Holandês recebeu em mãos um FC Porto despedaçado, com uma política de contratações á deriva, vários casos de indisciplina e uma equipa muito fraquinha, para aquilo que nos vem habituando.
Cedo se percebeu que o Holandês foi contratado para disciplinar a equipa e enraizar um modelo de jogo, como forma de acabar com sucessivas alterações de modelo face aos treinadores que vieram e foram (e relembro que foram 3 numa época).
Pouco conhecedor do Futebol Português demorou algum tempo a perceber a forma de jogar dos adversários e sobretudo as potencialidades e características dos seus próprios jogadores, algo bem visível nas constantes trocas de sistema táctico e sobretudo dos considerados jogadores “base”. Relembro que Quaresma, P Assunção, Meireles ou até Pepe..começaram como “cartas fora do baralho”.
As trocas e indecisões do técnico levaram a grande contestação por parte dos adeptos, no entanto, Pinto da Costa decidiu “segurar” o técnico, talvez por se ter lembrado do sucedido na época anterior, talvez por acreditar nas qualidades do Holandês.
Hoje em dia, o técnico Portista respira confiança, a equipa posiciona-se e movimenta-se harmoniosamente e de forma extremamente mecanizada.
O técnico sabe onde colocar os jogadores (não que essa utilização esteja isenta de crítica) e sabe perfeitamente o que esperar de cada atleta.
Cada vez mais, o Porto é mais pragmático e menos “aventureiro”, algo que fica bem patente nas substituições mais defensivas para segurar uma vantagem.

Enfim, é um Porto mandão, muito sólido defensivamente, com um excelente colectivo, alguns valores individuais fantásticos e que procura conseguir a vantagem o mais cedo possível para depois a gerir da melhor forma.

Este é o FC Porto que ninguém acreditava que Adriaanse conseguisse criar.
Assim, tiro aqui o meu chapéu á forma como o holandês fiel ás suas ideias e convicções acreditou no seu trabalho e na sua filosofia e vai provando semana após semana, que com trabalho e fé tudo se consegue.
Acredito que, mesmo que o FC Porto escorregue frente ao Sporting e perca o campeonato na recta final, este holandês irá ficar pelo menos mais uma temporada, e com uma estratégia já implementada e absorvida pelos jogadores e com alguns ajustes no plantel de forma a dotar este mesmo de jogadores mais apropriados para o 3-3-4, o Porto para o ano irá estar muito forte.


Em segundo lugar quero falar do Sporting.
Já aqui elogiei o trabalho de um grande Senhor chamado Paulo Bento. Já aqui elogiei a forma como se sente o “rugido do Leão” em campo, através da alma e da garra com que os jogadores se entregam a cada partida.
Mas tenho que falar mais uma vez na cantera.
Moutinho é um jogador em plena evolução. Tem garra, está a crescer em termos posicionais, tem uma disponibilidade física assinalável e apesar de jovem actua com grande personalidade. Vem da cantera…
Nani apareceu esta época. Logo de início denotou grande velocidade, o que por si só poderia não chegar. Mas Nani é um virtuoso. “Inventa” jogadas com a sua qualidade técnica e velocidade, ginga por entre os adversários e acaba por ser um desiqulibrador nato. Vem ca cantera…..

Estes são apenas 2 exemplos de uma política de formação com vários anos, já bem enraizada no Futebol Nacional e muito eficiente e profissional. No entanto, a forma como esta eficiência e profissionalismo são aproveitadas posteriormente no Futebol Profissional é prova de uma grande audácia.
Só falta o último passo. Saber gerir o timing certo para deixar partir estes jovens. Não podemos exigir que eles fiquem para sempre no Clube, pois nem seria bom para eles, mas a gestão do timing de saída é extremamente importante para rentabilizar da melhor forma a aposta nos jovens, com vendas milionárias e com proveitos desportivos assinaláveis…enquanto eles cá estão.


Ponto Negativo da Semana:


A falta de aposta do Benfica nas suas camadas jovens.
António Carraça chegou ao clube da Luz, e depois de alguma confusão, foi apontado director de formação do clube.
Criou um projecto vencedor, de qualidade e digamos “visionário”, no sentido, de apostar em “estratégias” capazes de eliminar desde já os problemas que irão existir, com a alteração de regras por parte da Fifa (irá haver a obrigatoriedade de apostar mais nos jogadores vindos da formação), e por outro lado, “estratégias” essas que permitirão que o Benfica ganhe “kilometros de distância” ás políticas de formação dos restantes clubes. (criação de acordos com diferentes colectividades e associações internas e externas, de forma a ter um controle vasto e forte em relação aos futuros miúdos com qualidade…deste país e extra portas, utilizando o nome Benfica como chave).
No entanto, para que a política de formação e investimento na mesma possa ter sucesso e possa ser considerava necessária, tem que ter uma “ponte” entre futebol jovem e o futebol profissional, caso contrário serão muitos milhares de euros gastos sem aproveitamento desportivo ou financeiro pelo futebol profissional do clube.
E aqui reside o grande problema do Benfica!
Não há, para já, uma ponte entre futebol de formação e futebol profissional.
A aposta é diminuta, o desperdício é uma realidade e a equipa técnica contratada, que segundo o projecto, deveria ter uma “veia formadora” não se mostra minimamente interessada em lançar jovens jogadores, mesmo com um calendário tão apertado, e com algumas deficiências no plantel tão evidentes.

Moreira e Nereu estão tapados por Moretto, apesar de ambos demonstrarem grandes qualidades. De facto, o Benfica debateu-se com lesões “pouco habituais” na baliza, mas comprar 1 guarda-redes não foi a melhor opção. Quim, estava perto da recuperação, Nereu merecia mais oportunidades e ainda outros guarda-redes tem o Benfica na formação (Ricardo Janota, Bruno Costa).
Contratou-se um brasileiro, que teima em não convencer, relegando um internacional portugues (inexplicavelmente) para o banco, e tapando claramente 2 valores Portugueses… com muito futuro.
Na lateral esquerda, Tiago Gomes, jovem de grande valor é desaproveitado, mesmo não havendo no plantel um 2º lateral esquerdo de raiz.
João Coimbra um jogador com uma personalidade fantástica, com grandes atributos futebolísticos é abandonado, mesmo sendo merecedor de oportunidades (já foi convocado, falta a aposta).
E depois as contratações de Marco Ferreira ou Manduca são absolutamente inexplicáveis. Jogadores de qualidade “inferior”, que chegam ao clube apenas para fazer número, tapando claramente oportunidades a jovens de brilhar.
Assim não, Benfica!


Panorama Internacional:

Hoje falo do Chelsea.
É feio e triste, vermos comentadores e “fazedores de opinião” saírem da toca quando o Chelsea tem um período menos bom, ou é eliminado da Champions por outra grande equipa Europeia.
É mesquinho aproveitar-se um momento mau para atirar “pedras”, quando o passado e até mesmo o presente denotam sucesso e bom trabalho.

Eu não sou assim, e tenho gosto em dizer que sou um grande fan de José Mourinho.
José, é um grande treinador que mecaniza as equipas de forma suberba e que lê o jogo muitíssimo bem.
É fabuloso no Treino…onde obtem dos jogadores máximo rendimento e os dota de máximas capacidades para darem o seu melhor em cada jogo.
Mas é sobretudo no plano psicológico e mental que reside a grande força de Mourinho.
Mourinho cativa os jogadores, motiva-os e torna-os autênticos guerreiras, como alias Drogba fez referência.
Apela á necessidade de títulos para os jogadores provarem que são de facto vencedores, apela ao orgulho de cada 1 deles, ao sentimento de dever cumprido, ao sentimento de irmandade, etc.
No entanto, este jogo psicológico de Mourinho para com os jogadores exige dos últimos uma concentração e uma “adrenalina” altíssimas…que se vai desgastando aos pouco, principalmente com a chegada de títulos e mais títulos, de certa forma conquistados com alguma “aparente” facilidade.
Existe uma tendência para os jogadores aos poucos se irem acomodando, irem encarando a necessidade de correr mais do que os outros como algo cada vez menos “essencial”, e provoca que este sintam que começam a ganhar um determinado estatuto..que não os obriga a serem guerreiros e tão combativos.
Esta acomodação aos poucos enraíza-se, e Mourinho bem, através de rupturas e “choques” vai evitando que ela se imponha totalmente na mentalidade dos jogadores.
Mas a exigência psicológica que é feita aos jogadores é de tal forma intensa que é “provável” que não dure para sempre.

Assim, penso que se começa a constatar que o “efeito” Mourinho pode ter um prazo de “validade”. Não em termos de qualidade, mas sim em termos de efeitos psicológicos.
No Porto, Mourinho esteve 2 épocas e meia cheias de sucesso.
No Chelsea prepara-se para completar a 2ª época, e será que o efeito psicológico que Mourinho retira dos jogadores manter-se-á uma 3ª ou 4ª época?
É um grande desafio ao treinador Portugues, e algo interessante para os amantes do Futebol observarem.

Por fim, queria só realçar, que o período pós-Mourinho pode ser bastante traumático e difícil para uma equipa.
Com a saída do técnico os jogadores perdem um líder com o qual se identificam e criam laços fortes, perdem métodos de trabalho inovadores e motivantes e perdem um pouco da “mentalidade” vencedora incutida por Mourinho.
Problemas de falta de motivação são uma constante, e como prova…fica a forma como Costinha e Maniche (2 dos “fabulosos” de Mourinho, encararam a época pós-Mourinho).

Este 2º factor até pode ser algo contraditório com o 1º, mas não o é, pois apesar de eu considerar que o “efeito” Mourinho não seja tão forte numa 3ª ou 4ª época no mesmo clube e com os mesmos jogadores, também é verdade que o efeito não deixa de se sentir, e a forma como mourinho “exige” dos seus jogadores…acaba por criar laços que quando quebrados podem ser nefastos para um grupo.

A ver vamos, se Mourinho mais 1 vez demonstra toda a sua potencialidade e consegue manter a mesma exigência .que é seu apanágio, em relação aos jogadores e seu empenho.


Esta semana fico-me por aqui.
Até para a semana!

02 abril 2006

Futebol: Arte, Diversão e Loucura!




A definição de Futebol é algo de muito complicado.
Uma arte? Um mero desporto? Um fenómeno? Enfim...daria uma grande discussão.
Mas porque as imagens valem mais do que mil palavras aí ficam, alguns vídeos para cada um de vós encontrar a sua definição de Futebol:


O menino Chera


Cristiano Ronaldo, um diabo á solta

A vida de um Futebolista

Ao bom estilo freestyle

Arte, Loucura e Diversão

Cutxi Cutxi?

Henry!!

O génio de Barcelona. Quem será?






Enjoy!!