26 novembro 2005

A minha vida de olheiro começou! O sonho continua.

A minha vida de Olheiro começou.
Depois da excitação e alegria do convite, surgiu como necessidade o planeamento estratégico dos passos a dar e da direcção a seguir (como frisei noutros posts).
Os primeiros contactos com dirigentes e treinadores sucederam-se, e posso dizer hoje em dia que já tenho boas relações com alguns dos Clubes da zona ,considerada a minha zona Alvo, V.N. Gaia.

Em todos eles fui recebido com simpatia e com espírito aberto, para colaborarem comigo em tudo aquilo que lhes solicitei.
Desde ter total acesso aos balneários e a ter carta verde para falar com treinadores e jogadores, a colocarem-me a ver os jogos em sítios calmos(para melhor desempenhar a minha tarefa) tais como as tribunas dos estádios etc.

Contava ser recebido de um modo mais frio..mas enganei-me. Contava sentir pressões para referenciar este e aquele mas realmente os dirigentes tiveram comportamentos exemplares. Só mesmo os agentes tentam aliciar, mas em alguém que quer vingar neste meio e que está disposto a sacrificar-se para demonstrar valor (neste caso eu), o aceno de possíveis dinheiros ou favores ..não constituem sequer factores aliciantes.

Tive a oportunidade de dizer a um desses agentes que para se vingar no Futebol é preciso acima de tudo saber viver no Mundo obscuro que trabalha por trás do desporto, e a melhor forma de conviver nesse Mundo seria manter a integridade e postura.

Assim fiz, e já com alguma experiência em jogos considero que de jogo para jogo vou apurando o meu sentido crítico.

Falo-vos agora da minha 1ª observação.
Como é obvio, como em qualquer novidade na nossa vida, a ansiedade fazia-se notar e tentava dizer a mim mesmo que tinha “encaixe” suficiente para encarar qualquer situação com que deparasse.

Fui ao 1º clube, falei com o seu Vice-Presidente, tratei-o com simpatia, mas sempre defendendo os interesses do meu clube, e disse-lhe exactamente aquilo que esperava deles enquanto..clube—Informação de jogadores e calendários sempre que necessário, acesso a fichas de jogo, possibilidade de falar com os treinadores—e o que eles poderiam esperar de mim enquanto observador de um clube—Simpatia, seriedade e disponibilidade para falar com qualquer dirigente ou funcionário do clube.
As pessoas entenderam, e abriram-me as portas das suas instalações.
Desci as escadas de acesso ao Balneário, era um jogo de juniores, e estava algo nervoso. Levava um bloco de notas e uma ficha de observação.
Bati à porta do balneário dos visitantes, apresentei-me..disse quem representava, e logo de seguida, recebi os dados que quis. Desejei boa sorte para o jogo. Notava alguma surpresa nos jogadores..de ver um jovem representar um clube com tanto nome.
Dirigi-me ao balneário da equipa visitada, o delegado ditou-me a equipa e disse-me que tivesse atento a 2 jogadores.
Após isto, sentei-me na tribuna…comecei a ver o jogo, a tirar o desenho táctico de ambas as equipas, a observar e aquilatar as qualidades dos jogadores e das equipas.
Senti finalmente, que estava a fazer aquilo que sempre fiz mas desta vez a sério e com alguma responsabilidade.
Percebi que não havia necessidade de estar ansioso, afinal já vi centenas de jogos de miúdos, nacionais e internacionais, portanto estava basicamente a fazer aquilo para o qual penso ter um dom, mas para um grande clube.
A determinada altura começo a entrar na fase das dúvidas. Este miúdo joga bem..mas será q tem valor para um clube tão grande?? Será que os meus superiores vão gostar do miúdo? Será que não me estou a equivocar?
Enfim, penso que senti isto por ser uma novidade. Pois rapidamente me restabeleci e continuei a executar o meu trabalho com todo o rigor.

Já vi uma dezena de jogos em pouco mais de 2 semanas, já referenciei alguns miúdos, outros vou esperar para ve-los uma 2 e 3ª vez.
Sinto que em Gaia, abundam jogadores com qualidade, mas poucos para integrar um clube da dimensão..do clube que represento.
No entanto, espero encontrar os melhores. Espero contribuir para o sucesso do clube, do meu departamento e também para o sucesso dos miúdos gaienses.

Agora, sinto-me já com confiança na avaliação. Já domino os procedimentos, e o preenchimento das fichas. Já tenho algum à vontade nas reuniões e diálogos com jogadores e treinadores e sinto-me cada vez mais no meu Mundo.
O Mundo da procura de jovens valores.

Conto com o contributo de alguém que se prontificou a ajudar-me. Tem sido incansável, dicas de jogadores, contactos…etc.
Espero um dia, puder integrá-lo no clube com as mesmas funções que as minhas.
Mas até lá mantenho a minha humildade, tento melhorar e desempenhar da melhor forma o meu papel. Tento auxiliar o clube, mesmo sem este me facultar algum tipo de pagamento.

Entretanto começo a investir na minha formação no Futebol. Compro livros recomendados da especialidade, estudo-os ao pormenor, faço planos para tirar o 1º grau de treinador como forma apenas e só de me cultivar futebolisticamente, e preparo-me para o meu 1º seminário ligado a Futebol.

Estou a começar, mas a ambição e o querer vencer estão bem presentes. Continuo humilde (aliás não teria razões para não continuar), mas sinto que o meu sonho começa a encarrilar-se. Aproveito esta experiência para melhorar e para me cultivar para quem sabe almejar posições mais altas.

Uma coisa não deixo de fazer. Continuo a fazer florescer ideias, ideias sobre projectos para um clube, ideias para melhorar o departamento, e cultivo-me em relação aos jovens que vão despontando no resto do planeta.

Quem sabe, se um dia não realizo o meu sonho. Quem sabe se um dia a minha vida profissional não estará ligada ao Futebol! Sonhar não paga imposto, portanto não abdico de sonhar!