15 março 2006

Torneios na Formação. Benéficos? (Diário de Observador)


Em Portugal são já bastantes as freguesias, câmaras ou colectividades que organizam Torneios de Futebol Jovem.
Para esses torneios são convidadas várias equipas de vários pontos do país, e por vezes até equipas estrangeiras, para durante geralmente um fim de semana se “degladiarem” em busca da conquista do 1º lugar, e de todo um sem número de prémios individuais.
Serão estes torneios benéficos para os jovens atletas?

Bom, eu sou um acérrimo defensor destes torneios.
Penso que as vantagens são enormes, a quantidade de pública aumenta consideravelmente em relação aos jogos de campeonato, o interesse e emotividade também sobem e a possibilidade de aprendizagem e desenvolvimento dos atletas e técnicos também é maior.

Geralmente estes torneios convidam os chamados “cabeças de cartaz”, ou seja, as equipas grandes Portuguesas, que atraiem um grande número de adeptos aos complexos desportivos, ou então clubes estrangeiros que acabam por gerar muita curiosidade.
Para muitos miúdos de equipas menores, trata-se das únicas possibilidades de defrontar uma equipa de grande expressão ou até um clube estrangeiro, o que por si só é um fantástico aliciante e provoca um incremento motivacional em cada atleta bastante assinalável.
Por outro lado, o confronto com clubes de grandes expressão, faz, para além dos níveis motivacionais já referidos, com que esses jogos sejam encarados como uma possibilidade de dar nas vistas, em busca de dar o salto para um dos clubes dos sonhos destes mesmos miúdos.
Nota-se claramente a garra e o empenho que os jovens dos clubes menores aplicam em campo, como forma de tentarem agradar os responsáveis do Benfica, Porto ou Sporting.
Por fim, o facto de várias equipas partilharem o mesmo complexo desportivo durante 2 dias, a necessidade da equipa passar horas nesses mesmos complexos mesmo quando não estão a jogar, etc fortalece a união de grupo e a amizade entre os jogadores, cria laços de amizade com jogadores de outras equipas e acabam por ser experiências benéficas e motivadoras para todos os jogadores.
É verdade que para os atletas dos “Grandes” os jogos contra os clubes de menor dimensão não constituiem um aliciante e até provocam alguma apatia em campo, mas de qualquer forma quando se chegam ás semifinais ou finais, o confronto com os grandes rivais de sempre e a possibilidade de conquista a taça acabam por constituir um grande aliciante até para os chamados atletas dos “Grandes”. Para aqueles mais interessados em glória individual, os troféus individuais também provocam grande interesse e “batalha” em campo pelos mesmos

Para os staffs técnicos, estes torneios são uma boa oportunidade para rodar o plantel, redefinir dinâmicas e subdinâmicas de jogo, testar outros sistemas, ou por e simplesmente aproveitar a competição para amadurecer os seus jogadores, pois em jogos de mata mata é preciso uma força mental superior que num campeonato de regularidade.
É também possível aos staffs técnicos das equipas avaliarem jogadores de outras formações, podendo observar, ali mesmo, in loco o potencial de um ou outro jogador que venha a agradar e a suscitar interesse.

Para nós observadores, o aglumerado de várias equipas, e o grande número de jogos que se realizam no mesmo sítio durante 1 fim de semana, permitem a observação e avaliação de muitos jogadores num curto espaço de tempo.
Permite ainda avaliar jogadores de clubes menores a defrontar equipas de qualidade. Esses confrontos permitem uma melhor análise ás reais potencialidades dos miúdos, pois jogar muito bem contra equipas muito inferiores é fácil, mas contra equipas superiores ou até bastante superiores, não está ao alcance de qualquer atleta.
Por outro lado, dá para fazer uma comparação quase imediata entre a equipa e os jogadores que o observador representa (se a sua equipa estiver no torneio) e os valores dos adversários, ou seja, existe a possibilidade de estarmos a ver a nossa equipa e considerarmos que o defesa esquerdo ou o avançado são uma das “lacunas” na equipa, e quase na hora (se as outras equipas tiverem bons valores) compararmos um jogador considerado interessante que ocupe a posição dessa mesma lacuna.
Por fim, os torneios são bons focos de troca de contactos, bons focos de obtenção de informação acerca de jovens talentos, etc pois aglomeram-se adeptos de vários clubes, dirigentes e técnicos, etc.. o que acaba por criar uma dinâmica de discussão futebolística bastante interessante e produtiva para observadores atentos.

Para os adeptos, é a possibilidade de ver grandes clubes de referência contra os seus clubes da “terra”. É a possibilidade de ver muitos jogos em pouco tempo, é a possibilidade de se ver disputados jogos a eliminar ou finais emocionantes.
Os torneios com boas equipas suscitam um interesse enorme e levam muitas pessoas aos estádios o que é sempre de salutar.
Os pais dos atletas vibram com as vitórias dos filhos, os adeptos dos grandes vibram com as vitórias finais da sua equipa perante os rivais, já nas finais…etc.

Para os clubes em si e por vezes autarquias, penso que os torneios são uma boa forma de promover clube, freguesia ou cidade, e uma forma de criar nas pessoas empatia com esses mesmos instituições.


Por todas estas razões, sou adepto dos torneios ,bem organizados, de futebol de formação e considero que cada vez mais estes devem ser uma realidade, a bem do espectáculo e do convívio.
Por outro lado, penso que são focos importantes para os jovens atletas puderem batalhar por um “lugar ao sol” num clube de referência.

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